#11 Cofen/Capes: Pesquisas de enfermeiras buscam combater a sífilis congênita

Do pré-natal aos cuidados pós-alta hospitalar, pesquisas se somam ao enfrentamento da sífilis congênita. Meta do Brasil é erradicar a transmissão vertical até 2030

18.03.2025

Meta do Brasil é eliminar a sífilis congênita até 2030.

As Américas registram a maior incidência mundial de sífilis, com 6,5 casos por 1000 pessoas, representando 42% de todos os novos casos, segundo dados da OMS. Gravíssima em bebês, a doença é transmissível ao feto durante a gestação e parto, podendo causar complicações como aborto espontâneo, morte fetal, parto prematuro, baixo peso ao nascer, anomalias congênitas, lesões em órgãos como o fígado, baço e ossos, além de danos neurológicos.

A meta do Brasil é eliminar a sífilis congênita até 2030. O país registrou uma redução de 1.511 casos da doença em bebês menores de um ano em 2023, em comparação ao ano anterior. O resultado indica que 71% dos casos de sífilis congênita foram evitados graças ao diagnóstico precoce em gestantes. Em anos anteriores, os números eram de 64% (2021) e 69% (2022).

Pesquisas de mestrado profissional, desenvolvidas em diversas universidades com apoio do acordo de cooperação técnica entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), buscam aproximar o país deste objetivo. Voltado para profissionais que atuam diretamente na assistência, o Programa Profen é a maior iniciativa de financiamento de mestrado e doutorado profissional no Brasil.

“A Enfermagem tem um papel fundamental na redução da sífilis congênita. Como integrante do Conselho Federal de Enfermagem, é uma imensa satisfação saber que o Profen resultou em pesquisas que aproximam o Brasil da meta de erradicação da sífilis congênita. Minhas congratulações às enfermeiras!”, parabeniza o conselheiro federal Vencelau Pantoja.

pesquisa da enfermeira Lisiane de Borba Müller buscou conhecer a percepção de mulheres que tiveram filhos com sífilis congênita sobre as orientações recebidas durante o pré-natal no contexto da Estratégia Saúde da Família (ESF) e desenvolver uma cartilha para a prevenção no pré-natal. Os resultados evidenciam fragilidade na assistência pré-natal. Além do número incompleto de consultas preconizadas pelo Ministério da Saúde, as mulheres relataram informações superficiais ou inexistentes em relação à prevenção ou tratamento da sífilis congênita. A pesquisa destaca, ainda a importância da busca ativa das pacientes e a insuficiência de estratégias para comprometimento do parceiro nas consultas pré-natais e tratamento.

A construção e validação de um instrumento para consulta de Enfermagem com gestantes diagnosticadas com sífilis na Atenção Primária à Saúde (APS) foi objeto do mestrado profissional da enfermeira Geise Moreira de Oliveira, na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). A pesquisa teve a participação de enfermeiros com experiência na assistência a gestantes com sífilis, que ressaltaram a importância de inserir no instrumento dados acerca do parceiro da gestante, dos exames utilizados para diagnósticos, tratamentos anteriores da gestante para a doença, com a realização de sorologias para controle da cura.

A continuidade da assistência após a alta hospitalar é crucial para a recuperação dos bebês nascidos com sífilis congênita. A enfermeira Jannyne dos Santos Zuzarte desenvolveu, em sua pesquisa de mestrado profissional na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), ferramenta para enfermeiros no cuidado terapêutico da sífilis congênita após alta hospitalar. A pesquisa resultou em um modelo de relatório de alta do recém-nascido com sífilis congênita, com as orientações e prescrições do cuidado de Enfermagem aos pais e familiares, e em um aplicativo para auxiliar os enfermeiros no cuidado terapêutico da sífilis congênita após alta.

Entenda o papel da Enfermagem no combate à sífilis

Testes rápidos podem ser aplicados por profissionais de Enfermagem

Os profissionais de Enfermagem são fundamentais no enfrentamento da sífilis, infecção passível de prevenção e tratamento. Além das ações educativas voltadas para o uso de preservativo, os profissionais estão na linha de frente da detecção e tratamento da doença na Atenção Primária à Saúde (APS).

Os testes rápidos podem ser aplicados por técnicos de Enfermagem sob supervisão do enfermeiro. Único medicamente comprovadamente capaz de atravessar a barreira placentária e prevenir a sífilis congênita, a penicilina benzatina pode ser administrada em Unidades Básicas de Saúde (UBS), mediante prescrição médica ou de enfermeiro.

O encaminhamento para unidades de referência distantes representa uma barreira de acessibilidade, dificultando o tratamento, que, nos casos das gestantes, é de máxima urgência.

Novo Profen formará 420 mestres e 80 doutores em Enfermagem

O Cofen e a Capes/MEC formalizaram, em agosto de 2024, um novo Acordo de Cooperação Técnica para lançar o maior programa de financiamento de mestrado e doutorado profissional em Enfermagem do país. Entre as novidades, estão a inclusão de vagas para doutorado profissional em Enfermagem, a destinação de verba de capital para aquisição de softwares de análise de dados, notebooks e outras demandas dos alunos, conforme as normas da Capes/MEC, além da criação de vagas de mestrado para enfermeiros atuantes em regiões de fronteira (Mercosul) e a atualização dos valores das verbas de custeio por aluno.

O Profen prevê a formação, ao longo dos próximos cinco anos, de 420 enfermeiros mestres e 80 enfermeiros doutores em Enfermagem. O programa financia a criação de vagas em universidades e está voltado para profissionais com vínculo empregatício na rede de saúde pública municipal, estadual, federal, além de instituições privadas e filantrópicas que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Fonte: Ascom/Cofen - Clara Fagundes

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