24º CBCENF recebe 5ª Encontro Latino de Enfermagem em Saúde Mental

Convidados debatem a mitigação do sofrimento em saúde mental

14.09.2022

Encontro acontece nos dias 13 e 14 de setembro, com transmissão no CofenPlay

O 24º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF) recebeu nesta terça-feira (13/9), com transmissão pelo CofenPlay, a 5ª edição do Encontro Latino-Americano de Enfermagem em Saúde Mental. Como ponto comum das discussões, foi realizada uma abordagem da mitigação do sofrimento e promoção da qualidade de vida do usuário do sistema de saúde mental nas diversas condições e transtornos.

O encontro apresentou um grupo que tratou sobre o acolhimento das pessoas ouvidores de vozes, para além da delimitação que enquadra tais sintomas como transtornos mentais. Foi realizada uma oficina entre os participantes para que tivessem a sensação de que estariam ouvindo as “vozes”. “Nem sempre quem ouve vozes está em sofrimento. Se o usuário falar desta sua loucura, está em crise. Mas é crise de quem? crise do usuário, crise do sistema ou crise da família?”, indagou a palestrante Ethelanny Leite.

O encontro seguiu com a exposição que tratou das condições relacionadas ao envelhecimento. Os palestrantes explicam que pessoas com 85 anos ou mais têm a maior taxa de suicídio de qualquer faixa etária. “Muita gente acha que idoso só tem alzheimer ou demência, mas eles têm outras coisas, alguns perderam amigos e filhos. Um entre cada quatro idosos possuem algum transtorno mental”, explica Jaqueline da Silva.

Durante o debate sobre saúde mental entre idosos, com exposição dos fatores que levam às doenças mentais do envelhecimento, como o mal de alzheimer, foram apresentados resultados de um estudo de Enfermagem com dezenas de idosos para determinar os marcadores que levam a estas condições e como retardar o desenvolvimento das suas condições. “Quem se beneficia de estímulo cerebral são os idosos frágeis, ainda não doentes, idosos frágeis podem retardar esta progressão”, explicou o painelista Mário Vieira.

Na exposição seguinte foi tratado do atendimento de usuários do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Tendo sido abandonadas as definições de asperger e autismo desde 2014, foi apresentada a definição do espectro autista, bem como os riscos maiores de cometimento de suicídio dentro deste universo. “São 47 possíveis diagnósticos de Enfermagem possíveis no TEA para o indivíduo, além de outros dez para a família”, alertou Cleide Oliveira, a enfermeira do autismo, como se define.

A convidada seguinte veio de Córdoba, na Argentina, para falar de sua experiência com uma política que teve início a partir de uma lei de abordagem comunitária na saúde mental. “Saímos de um modelo fechado de consultório psiquiátrico, de um consultório de psicologia para termos um território aberto para o cuidado, sem etiquetas diagnósticas desde um conceito familiar”, disse Beth Sandagorda.

Outro ponto debatido foi a abordagem da inclusão familiar nos problemas de saúde mental para a promoção da felicidade de todos os envolvidos com o paciente com distúrbio mental, melhorando resultados. “Tradicionalmente, na abordagem manicomial, a família é excluída para proteger do estigma, o que agrava sintomas”, declarou Maria Mota.

O dia foi encerrado com uma exposição que relacionou a violência contra usuário do sistema de tratamento de transtorno mental e sua família. Foi abordada a forma de violência econômica e também a de gênero como um fator de agravamento das condições. “Por sorte estamos mudando a mentalidade manicomial, lutamos para mudar o paradigma, mas não basta só uma declaração internacional para que todos subitamente sejamos considerados mais humanos”, declarou Juan Alcaraz, convidado do Paraguai.
“Temos de nos acostumar com a linguagem de gênero se queremos seguir numa luta contra a discriminação e contra violentar a identidade destas pessoas”, asseverou Claudio Mann.

 

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