2ª dose da vacina pode barrar retorno do sarampo ao Brasil, em meio a surto internacional

Surto internacional da doença reforça a importância da aplicação da 2ª dose. País tem certificado de eliminação da doença, concedido pela OMS.

25.03.2025

Doença afeta sobretudo crianças e adolescentes

Em vias de erradicação, o sarampo está de volta aos Estados Unidos e Europa. Já são 378 casos confirmados nos Estados Unidos, maior contagem dos últimos cinco anos. O retorno do sarampo está relacionado à queda nos índices de imunização, associado ao negacionismo científico e hesitação vacinal.

Diante do crescimento dos casos de sarampo no mundo, é urgente a aplicação do esquema vacinal completo. O Brasil recuperou, em 2024, certificado de eliminação do sarampo e rubéola. A vacinação integra o PNI, com amplo alcance da primeira dose. Dois em cada dez brasileiros, porém, não tomaram a segunda dose da vacina.

“Os profissionais de Enfermagem deve ter especial atenção ao esquema vacinal. Para crianças, a primeira dose desta vacina é aplicada aos 12 meses; e aos 15 meses (quando é utilizada a vacina combinada à vacina varicela)”, explica Ivone Amazonas, coordenadora da Câmara Técnica de Enfermagem em Saúde do Neonato e da Criança do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

O sarampo é uma doença potencialmente grave e altamente contagiosa, causada por um vírus da família paramyxorividae. Antes da introdução da vacina, em 1963, epidemias de sarampo chegaram a causar até 2,6 milhões de mortes ao ano.  A doença continua a ser uma das principais causas de morte entre crianças pequenas no mundo, apesar de haver uma vacina segura e eficaz. Aproximadamente 110 mil pessoas morreram por sarampo em 2017 – a maioria crianças com menos de cinco anos.  De 2000 a 2017, a vacinação contra o sarampo evitou aproximadamente 21,1 milhões de mortes, segundo dados da OPAS/OMS.

Vigilância precisa ser permanente

A certificação já havia conquistada em 2016, graças  às vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI), mas a doença ressurgiu em 2019, diante da queda da cobertura incentivada pelo movimento antivacinação. O sarampo matou 40 crianças entre 2018 e 2022 .

O marco da desconfiança internacional sobre vacinas, que ainda reverbera nos dias atuais, aconteceu em 1998, quando o médico Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa preliminar, posteriormente despublicada pela revista Lancet, associando a tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, ao autismo. Ao analisar o estudo, em 2004, foi constatada fraude nos dados e o conflito de interesses do próprio médico. Difundir fake news é infração ética. Enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem podem responder processos éticos em caso de difusão de fake news. 

Fonte: Ascom/Cofen

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