3 em cada 10 homens nunca fizeram exame de toque para rastrear câncer de próstata, diz pesquisa

Levantamento ouviu 966 homens com idade a partir de 16 anos em todos os estados brasileiros

11.11.2024

trabalhador de saúde feliz apertando as mãos com homem senior enquanto está em uma visita domiciliar
Acompanhamento preventivo é indicado para homens a partir dos 50 anos

Uma pesquisa realizada pelo hospital A.C.Camargo, em parceria com a Nexus, revela que três em cada dez homens nunca realizaram nem têm intenção de realizar o exame de toque retal. O estudo também aponta que 44% dos entrevistados não têm conhecimento sobre métodos de prevenção do câncer de próstata, que é uma das principais causas de morte entre homens no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), no último ano, essa doença vitimou cerca de 47 homens por dia no país.

De acordo com o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e professor da Universidade de São Paulo (USP), Rodolfo Reis, o exame de toque faz parte do protocolo de rastreio do câncer de próstata, sendo um método acessível e que permite detectar anomalias na glândula prostática. O PSA, um exame de sangue que mede o antígeno específico da próstata, também é utilizado no rastreamento e deve ser realizado em conjunto com o exame de toque para uma avaliação completa.

O acompanhamento preventivo é indicado para homens a partir dos 50 anos. Para aqueles com histórico familiar da doença, o rastreamento deve começar aos 45 anos. Entre os homens mais jovens (16 a 24 anos), 49% afirmam nunca ter feito nem pretender realizar o exame. Reis aponta que essa resistência pode estar associada ao distanciamento que essa faixa etária sente em relação ao problema.

O estudo revela também que 60% dos entrevistados entendem que o exame de toque é necessário mesmo na ausência de sintomas, e 64% concordam que o médico deve ser consultado independentemente da presença de sinais da doença. No entanto, 53% ainda acreditam que o câncer de próstata é uma doença exclusiva de homens mais velhos. Embora a maioria dos casos ocorra em pacientes com mais de 50 anos, o líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo, Stênio Zequi, destaca que a doença pode acometer homens mais jovens.

O levantamento destaca ainda a prevalência de mitos sobre o câncer de próstata. Cerca de 68% dos entrevistados acreditam que homens com problemas na próstata têm mais risco de desenvolver disfunção erétil. Embora o tratamento do câncer de próstata possa, em alguns casos, afetar a função sexual, Zequi esclarece que o diagnóstico precoce e tratamentos modernos ajudam a preservar as estruturas nervosas, reduzindo o risco de comprometimento.

O câncer de próstata está frequentemente associado a fatores genéticos, o que reforça a importância do rastreamento antecipado para quem possui histórico familiar. Homens com parentes do sexo feminino que tiveram câncer de mama também são incentivados a buscar avaliação médica precoce.

A pesquisa foi realizada entre 18 e 24 de setembro de 2024, entrevistando 966 homens em todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de três pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

Fonte: Follha de S. Paulo (editada)

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