3º Seminário Intercultural de Enfermagem enaltece respeito aos diferentes saberes e tradições na saúde

Evento foi realizado entre os dias 29 e 30 de abril na cidade de Boa Vista (RR). Foco do seminário foi a atuação da Enfermagem em comunidades indígenas e quilombolas

30.04.2024

 

Prestar assistência em comunidades indígenas e ribeirinhas é desafiador. A desvalorização se soma aos grandes deslocamentos, ao isolamento, ao risco de contaminação por doenças e à insegurança, criando uma árdua realidade. A Enfermagem, conhecida como o tecido conector da saúde e marcada pela alta capilaridade em todos os níveis de atenção, é muitas vezes o elo entre esses grupos e a atuação das equipes multiprofissionais. O último dia do 3º Seminário Nacional de Saúde Intercultural do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), realizado em Boa Vista (RR), focou no protagonismo da categoria na promoção desse cuidado, destacando o respeito às diferentes formas de cura e de compreender o mundo.

O Diálogo, a difusão de boas práticas e o desejo de realizar uma construção coletiva que formule soluções para as dificuldades impostas foram os pilares do evento. A programação, nos dois dias, contou com palestras e mesas redondas comandadas por profissionais e especialistas. Lideranças e e profissionais integrantes de comunidades ribeirinhas e ameríndias, como indígenas dos povos Baré, Macuxi e Wapichana, também acompanharam o seminário e compartilharam experiências tanto como provedores quanto como usuários do cuidado de Enfermagem. 

Dando início à programação do último dia, Daniel Menezes, vice-presidente do Cofen, apresentou a palestra “Avanços na Enfermagem: Contribuições do Sistema Cofen/Corens na assistência aos povos originários e ribeirinhos”. Foi apresentado o Código de Ética dos profissionais de Enfermagem, instituído pela Resolução 564/2017. “É fundamental discutir nossa prática profissional nos mais diversos cenários, pois ela deve ser adaptada para as diferentes realidades de assistência, a exemplo da atuação em aldeias indígenas e em comunidades ribeirinhas”, pontuou.

Para além, o Cofen tem atuado para dar mais autonomia à assistência de Enfermagem nessas regiões por meio da criação de normativas, pareceres e decisões. Entre os destaques, está a Resolução 731/2023, que regulamenta a realização de sutura simples por enfermeiros, bem como a Resolução 739/2024, que normatiza a atuação de Enfermagem nas Práticas Integrativas e Complementares (PICS). 

Fiscalizar para assegurar a assistência – Os fiscais dos Conselhos de Enfermagem que trabalham em áreas remotas não enfrentam apenas dificuldades relacionadas ao deslocamento, mas também à segurança, ao risco de contaminação de doenças e à falta de estrutura básica para alimentação e estadia. O assunto foi debatido ainda na programação da manhã. Ádria Brito, enfermeira sanitarista e coordenadora do Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA), apresentou a palestra “Desafios e estratégias de fiscalização aos povos originários e ribeirinhos”. 

A cura tradicional – A atuação da Enfermagem em áreas indígenas e ribeirinhas deve ser pautada pelo respeito. Os profissionais precisam estar dispostos a integrar a ciência com o conhecimento tradicional, compreendendo a importância dessa fusão. Iolanda da Silva, indígena makuxi e assessora do Distrito Sanitário Especial Indigena (DSEI) Leste de Roraima, apresentou a palestra “Medicina tradicional: o conhecimento das ervas e seus benefícios”. “É preciso que os profissionais respeitem a nossa forma de vida, respeitem a nossa forma de cura e a nossa forma de olhar esse mundo”, pontuou Iolanda, que também atua como parteira.

Saúde mental da Enfermagem – Os desafios que permeiam a atuação da Enfermagem em áreas isoladas produzem efeitos graves na saúde mental. Depressão, burnout e síndrome do pânico são alguns dos reflexos negativos que caem sobre a categoria. Para dar voz à problemática, a presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Roraima (Coren-RR) Tárcia Barreto, em conjunto com os enfermeiros Maycon Lídio e Raimundo Monteiro, debateram o assunto na mesa redonda “Saúde mental dos profissionais de Enfermagem que atuam em áreas remotas e de difícil acesso”.

Tecnologia a favor da Enfermagem – “O que tem a telessaúde tem a ver com saúde indígena? Tudo”, frisou a enfermeira Ana Nery, conselheira do Coren-RR e docente da Universidade Federal de Roraima (UFRR) ao início da última palestra do seminário, que teve como tema “Telessaúde: contribuições da área da tecnologia para facilitar e ampliar acesso à saúde especializada para os povos originários”.

Além de Ana Nery, Júlio Aquino e Raquel Caldart, também docentes da UFRR, apresentaram o programa de telessaúde em Roraima, serviço que tem como objetivo expandir a assistência em territórios indígenas ao levar conectividade para áreas remotas, incluindo o território Yanomami. A iniciativa busca promover a saúde e a integração de tecnologias digitais para melhorar o acesso à assistência em regiões remotas.

Respaldo legal – O Cofen, por meio da Resolução 696/2022, normatizou a atuação da Enfermagem na Saúde Digital no âmbito do SUS, bem como na saúde suplementar e privada.

 

 

 

 

Fonte: Ascom - Cofen

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