A revolução do cuidado: as contribuições de enfermeiras obstétricas e obstetrizes

Documentário do Fundo de Populações das Nações Unidades (UNFPA/ONU) destaca o papel da Enfermagem na assistência ao parto

16.03.2023

Documentário foi lançado hoje, em Seminário sobre parto, direitos e o papel da Enfermagem

Curta-metragem do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA/ONU) discute desafios e conquistas da assistência obstétrica nas últimas três décadas. O documentário A revolução do cuidado: as contribuições de enfermeiras obstétricas e obstetrizes em três décadas, lançado hoje (16/3) em seminário, está diponível online.

O UNFPA estima que o investimento em profissionais de Enfermagem obstétrica tem o potencial de salvar 4,3 milhões de vidas no mundo, a cada ano, até 2035. “A gente não assiste só o parto, a gente acompanha o trabalho de parto, que é muitas vezes onde as complicações acontecem”, explica a enfermeira obstétrica Tatiana Melo, do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) no documentário.

Com taxa de mortalidade materna 10x maior que os países europeus, o Brasil ainda tem muito a avançar. A redução, que já era lenta e insuficiente, foi interrompida pela pandemia de covid-19 em 2020.

Por outro lado, a ampliação do acesso ao pré-natal e redução de intervenções contraindicadas, como episiotomia e manobra de Kristeller, são uma conquista das últimas décadas. Cofundadora da Abenfo, Marilanda Lima conta que se indignou muito com a forma violenta como as mulheres eram tratadas na maternidade. “Eu ainda estou bastante impactada, achando que eu estou no futuro. Coisas que pensamos naquela época, que estão agora acontecendo”.

A presença da enfermeira obstétrica reduz a probabilidade de intervenções desnecessárias e aumenta a satisfação das mulheres com a experiência de gestar e parir. “Tem que acompanhar os batimentos cardíacos, a pressão arterial, a temperatura, mas deixar o parto evoluir e a mulher livre para deambular, se alimentar levemente, tomar banho morno, receber massagens, ter o acompanhante do lado dela”, afirma a pesquisadora Maria do Carmo (Fiocruz).

“As pessoas que cuidam da gestação e do parto deveriam pensar que o resultado não acontece só ali, mas pode determinar o futuro daquela família. O que a gente faz tem impacto na vida das pessoas”, afirma Daphne Rattner, presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuNa).

“A Enfermagem obstétrica e a obstetrícia são fundamentais para a promoção da saúde reprodutiva e dos direitos reprodutivos no Brasil”, reforça a representante assistente do Fundo de População da ONU, Júnia Quiroga. O documentário e o livro sobre a história da Enfermagem obstétrica, lançados hoje, integram o Projeto Enlace, que busca fortalecer a atuação da categoria na atenção ao parto e na garantia de direitos.

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