Cofen lamenta o falecimento da última enfermeira a atuar na 2ª Guerra Mundial

Pioneira no serviço militar feminino, Virgínia Portocarrero participou da Força Expedicionária Brasileira (FEB)

31.03.2023

Virgínia Portocarrero

A Comissão Nacional de Profissionais de Enfermagem Militares do Conselho Federal de Enfermagem (Conpem/Cofen) lamenta a morte da última enfermeira que participou da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero, ocorrida na quarta-feira. Pioneira do Serviço Militar Feminino, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 23 de outubro de 1917.

Em 1942, ao tornar-se um dos países aliados no conflito da 2ª Guerra Mundial, o Brasil criou uma força militar diferenciada e especial, a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Na oportunidade, por imposição estadunidense, já que as enfermeiras americanas estavam sobrecarregadas e não falavam o idioma dos futuros pacientes brasileiros, foram convocadas enfermeiras brasileiras voluntárias, ocasião em que Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero, apresentou-se para o Exército Brasileiro, integrando  a primeira turma de mulheres militares no Brasil. 

Após a seleção, as enfermeiras participaram em caráter obrigatório do Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército (CEERE), ministrado pela Diretoria de Saúde do Exército, cujo objetivo era formar o Quadro de Enfermagem (QEERE). Este curso possibilitou que as candidatas incorporassem o habitus militar, contribuindo para a padronização do comportamento dessas enfermeiras no Teatro de Operações (T.O.) na Itália.

Essa força de trabalho criada, organizada e preparada no Brasil seguiu para a 2ª Guerra Mundial, com o propósito de potencializar o recurso humano de Enfermagem dos países aliados, que atuava nos hospitais de campanha.

Neste contexto histórico e marcante para a humanidade, as enfermeiras ousaram e entraram para o Exército Brasileiro, seguindo para o conflito mundial, inseridas na FEB, comandada pelo General João Batista Mascarenhas de Moraes. Em agosto de 1944, por determinação do Comandante da FEB, junto com as demais companheiras enfermeiras, Virgínia foi classificada no posto de 2º tenente. Por sua participação na Segunda Guerra Mundial, ela recebeu a Medalha de Campanha e a Medalha de Guerra.

Após a guerra, Virginia foi licenciada do Serviço Ativo e retornou à Prefeitura do Distrito Federal, onde serviu até 1957. Neste ano, por dispositivo legal, foi convocada para o Serviço Ativo do Exército, retornando no posto de 2º tenente e classificada na Policlínica Central do Exército. Em 1962, foi promovida ao posto de 1º tenente Enfermeira. Em 1963, deixou o Serviço Ativo, quando foi promovida a capitão, ingressando na Reserva de 1ª Classe.

Reformada no posto de Capitão, foi condecorada com as Medalhas de Guerra, de Campanha, da Cruz Vermelha Brasileira, Marechal Mascarenhas de Moraes, do Pacificador e Serviço de Saúde da FEB. A Capitão recebeu, ainda, o título de Aluna Emérita do Colégio Pedro II.

Em um dos depoimentos que deu em vida, a Capitão Virgínia destacou a experiência de ter participado do maior conflito armado da História. “Não tenho nenhum arrependimento por ter ido. Tenho é orgulho de ter acompanhado uma tropa de tamanho valor”. 

A história de Virginia Portocarrero é um exemplo de dedicação, compromisso e coragem. Empoderamento e pioneirismo marcaram a carreira desta enfermeira, que se destacou na afirmação solene de marchar ao lado dos soldados de Caxias, tal como Anna Nery nas batalhas do passado.

Sua memória será sempre lembrada com respeito e gratidão pelo Exército e pelo povo brasileiro.

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