Brasília sedia seminário internacional sobre a prática de enfermeiros na APS

No encontro, foram apresentados os resultados finais de pesquisa nacional realizada pela UnB, com financiamento do Cofen

31.03.2023

No encontro, foram apresentados os resultados finais de pesquisa nacional realizada pela UnB, com financiamento do Cofen

Aconteceu nesta sexta-feira (31) o seminário internacional “Práticas das Enfermeiras e Enfermeiros na Atenção Primária à Saúde (APS): conjugação singulares e plurais”, com a participação de representantes do Brasil, da Colômbia, do Uruguai, do Peru e México. Na ocasião, foram apresentados os relatórios finais da pesquisa “Práticas de Enfermagem no Contexto da Atenção Primária à Saúde”, realizada pelo Núcleo de Estudos em Saúde Pública do Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares da Universidade de Brasília (NESP/CEAM/UnB), com financiamento do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

Durante o encontro, os coordenadores da pesquisa nas cinco regiões do país tiveram a oportunidade de apresentar os resultados levantados em cada unidade da federação, traçando uma radiografia bastante contundente da situação da Enfermagem em todo o Brasil. O estudo foi conduzido pela Rede Nacional de Pesquisadores de Enfermagem, que é vinculada às universidades públicas de cada estado, possibilitando a concretização das investigações que nos possibilitaram conhecer, nos diferentes contextos, o processo de trabalho e de valorização profissional, com ênfase no reconhecimento social e condições de trabalho dos enfermeiros e enfermeiras.

“Qual é o modelo de saúde que desejamos para o Brasil? Hoje, o estado financia o setor privado dentro do próprio estado, por meio da saúde suplementar, que supera os gastos com o próprio SUS. É preciso fazer essa discussão de forma muito séria, pois a privatização do setor de saúde por dentro do estado, com vasta entrada do mercado internacional, tem prejudicado esse processo de desenvolvimento e autonomia da profissão. O impacto da pandemia, as sequelas e demandas reprimidas tiveram impacto severo sobre a profissão, que se encontra nos mais complexos territórios. Isso precisa ser discutido, pois se a enfermagem brasileira parar, o povo há de questionar por que a saúde não funcionará”, destacou a coordenadora nacional da pesquisa, Profa. Dra. Maria Fátima Sousa.

Representando o Cofen no evento, o conselheiro Gilney Guerra destacou a contribuição dos pesquisadores. “Tivemos honra e o dever de financiar essa pesquisa complexa e valiosa, que traz dados importantes à luz do conhecimento, para a tomada de decisões transformadoras. Nós tomamos essa iniciativa pensando na regulamentação futura da nossa profissão, pois o caminho da ciência é o melhor a ser trilhado pelos Conselhos de Enfermagem no cumprimento da função institucional da autarquia. Quando falamos de práticas avançadas, ainda parece algo distante, mas a OPAS apontava a atenção primária como o caminho para implantação das práticas avançadas de enfermagem. Portanto, estamos nos aproximando desse objetivo, que será perseguido nos anos a seguir. Assim, esperamos que o norte apontado por essa rede de estudiosos da profissão nos forneça os elementos necessários para seguir”, pontuou.

A pesquisa “Práticas de Enfermagem no Contexto da Atenção Primária à Saúde”, realizada pela UnB e pela Rede de Pesquisadores da Enfermagem, com financiamento do Cofen, teve como parceiros estratégicos o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), a Associação Brasileira de Enfermagem da Família e Comunidade (ABEFACO), a Organização Panamericana de Saúde (OPAS – Brasil) e os Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren) de todo o país. Além dos resultados da pesquisa, foram lançados produtos científicos, como as edições especiais da Revista Tempus Actas em Saúde Coletiva, do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da UnB (NESP/UnB), e da Revista Enfermagem em Foco, publicação do Cofen e o livro “Práticas das Enfermeiras e Enfermeiros na Atenção Primária à Saúde (APS): Conjugações Singulares e Plurais.” (versões impressa e em e-book).

Resultados gerais

Formação – No campo acadêmico, 31,2% dos profissionais participantes se formaram em instituição pública, 66,9% em instituição privada e 9,9% possui outra graduação além da enfermagem. Para além da formação elementar, 5,6% fez residência, 73,3% fez especialização, 8,5% fez mestrado, 1,1% fez doutorado,0,7% fez pós-doutorado e 3,3% tem livre docência. No entanto, 46,7% declarou que não participou de nenhum seminário ou encontro científico sobre APS/ESF nos últimos dois anos e 38,5% não fez qualquer curso de atualização nos últimos dois anos.

Atuação – Entre o público pesquisado, 72% atua na Equipe de Saúde da Família e 15% atua na Equipe da Atenção Básica. São experientes: 33,9% atua a mais de 12 anos. Sobre o vínculo, 43,6% é servidor público estatutário, 23,5% é contrato temporário e 13,2% é celetista. Em relação ao provimento, 47,8% foi admitido por meio de concurso público e 24,8% por meio de seleção pública. Desse contingente, 76% trabalham 40 horas semanais.

Baixos salários – Os salários, porém, são baixos. 4,16% dos participantes recebe menos de R$ 2000, 27,97% de R$ 2001 e R$ 3000, 19,76% de R$ 3001 a R$ 4000, 12,23% de R$ 4001 a R$ 5000, 8,18% a R$ 5001 e R$ 6000. Apenas 5,53% recebe entre R$ 6001 e R$ 7000, 3,67% recebe entre R$ 7001 e R$ 8000, 2,67% recebe entre R$ 8001 e R$ 9000 e 4,72% recebe mais de R$ 9000. 62,1% declarou que recebe adicional de insalubridade.

Condições de Trabalho – Em relação às condições da UBS em que trabalha, 32,14% consideram boas, 3,65% excelentes, 13,52% muito boas, 2,53% péssimas, 29,47% regulares, 7,58% ruins e 11,10% não escolheu nenhuma das alternativas. Segundo a pesquisa, 24,4% não moram no município em que trabalha e 7,2% das equipes não contam com médico.

Bem informados – O público se diz bem informado, uma vez que 87,4% têm acesso a informações relativas a APS/ESF predominantemente por meio da internet, tanto nas mídias sociais quanto em revistas científicas e fontes governamentais. Alheios a representações, 77,6% dizem que não são associados a nenhuma entidade representativa da enfermagem.

Territórios e cotidiano – Sobre as práticas cotidianas, 65,2% participa de processos de territorialização, mapeamento e cadastro familiar, 69,7% realiza visitas às famílias cadastradas na UBS, 75,2% participa das atividades de acolhimento, 60,4% realiza classificação de riscos, 78,3% participa das reuniões de equipe, 72,6% faz planejamento e acompanhamento sistemático das ações, 65,8% participa do gerenciamento dos insumos, 53,5% realiza trabalhos interdisciplinares e 65,7% se articula com profissionais de outros níveis de atenção. Apenas 10,2% é membro do conselho de saúde e 79,3% considera que está contribuindo para a melhoria das condições de saúde da população.

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