Em processo de santificação, irmã enfermeira curava pelo cuidado

Mesmo sem formação, algo comum na época, a cearense irmã Clemência tinha dom de curar

11.05.2023

Irmã Clemência

Tarde da noite, um homem esfaqueado agonizava no chão de uma delegacia de Pacoti (CE). Sem nenhum outro recurso, o delegado responsável pela região, lembrou de chamar a Irmã Clemência, que cuidava de cerca de uma centena de doentes diariamente no ambulatório local. Ela ora e costura o homem, que tinha os intestinos expostos no chão da delegacia e morte certa com os parcos recursos. Ele acaba salvo.

Esta e outras histórias embasam o processo de santificação de Irmã Clemência, nascida Francisca Benícia de Oliveira em 1896, com uma história de mais de 40 anos de dedicação a enfermos pobres. A prática informal da Enfermagem, sem cursos de qualificação, lhe rendeu o reconhecimento de um dom milagroso de cura pela piedade. Depois de Santa Dulce dos pobres, ela pode ser mais uma santa brasileira e nordestina, se evoluir o processo que já lhe rendeu o título de “Serva de Deus”.

De acordo com o professor de Filosofia Moisés Farias, estudioso da vida de irmã Clemência, faltam alguns documentos que comprovariam os feitos da enfermeira em Baturité, na região do Maciço, mas suas obras são conhecidas de todos os que habitam o local e sua fama alcança o estado inteiro até a capital, Fortaleza. “O processo corre no Vaticano e o próximo passo é ela ser reconhecida como Venerável”, explica Farias.

Além do homem salvo pela sua costura com uma oração e uma linha comum, Irmã Clemência teria salvado uma criança. Com a mão queimada em um fogão a lenha, foi indicada para amputação. Após insistentes curativos na mão, ela acabou podendo manter a integridade física.

Esta e outras histórias renderam uma comenda do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE) na semana que comemora a profissão, em maio. Reconhecidas suas chamadas “virtudes heroicas”, ela pode finalmente ser reconhecida como santa pela Igreja Católica.

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