Casos prováveis de dengue disparam, mas vacina só chega a 10% dos municípios

Brasil registrou 217.481 casos de dengue. Vacinação terá início em fevereiro, com as crianças e adolescente de 10 a 14 anos

31.01.2024

O Brasil registrou 217.481 casos de dengue, segundo informações atualizadas do Ministério da Saúde. O índice é mais que o triplo dos casos registrados no mesmo período de 2023. A vacinação contra dengue terá início na segunda semana de fevereiro, com as crianças e adolescente de 10 a 14 anos, mas o imunizante chegará inicialmente a apenas 10% dos municípios. O cronograma do governo prevê o envio às 521 cidades com alto índice da doença. Segundo o Ministério da Saúde, a restrição se deve à baixa capacidade na produção.

“A inclusão da vacina da dengue é uma importante ferramenta no Sistema Único de Saúde (SUS) para que a gente possa avançar e para que a dengue seja classificada como mais uma doença imunoprevenivel”, afirma a secretária Vigilância em Saúde e Ambiente, enfermeira Ethel Maciel. Até o final do ano, a previsão é de que sejam disponibilizadas 6,2 milhões de doses. O imunizante, eficaz contra os quatro sorotipos de dengue, é aplicado em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.

Em 2023, o Brasil bateu o recorde de mortes com 1.096 óbitos. Para o infectologista Antonio Carlos Bandeira, o Brasil perdeu o timing para erradicar aedes aegypti. O mosquito que transmite dengue, zika, chikungunya e febre amarela chegou a ser eliminado em 1955, durante as campanhas contra a fabre amaerela, mas a falta de cuidados preventivos levou a reintrodução no território nacional,

Para Bandeira, “vários fatores têm causado essa explosão”. “O primeiro e mais importante têm sido as alterações climáticas. Outro fator é o desmantelamento que houve, de certa maneira, nos últimos anos, de uma vigilância mais proativa no sentido de instituir medidas como larvicida ou o famoso fumacê”, afirma. O terceiro fator seria a expansão da doença para áreas onde não era endêmica, como o Sul e Sudeste do Brasil.

Prevenção – Independente da vacinação, é importante intensificar ações de vigilância. Vasos com água, pratos, pingadeira, recipiente de degelo de refrigeradores, bebedouros e pequenas fontes ornamentais são potenciais criadouros de mosquito, que tem preferência por água parada e limpa. Caixas d’água e calhas também devem ser monitoradas. Os repelentes recomendados contra o aedes aegypti são os com concentrações de icaridina acima de 20% ou de DEET entre 20% e 50%.

Sinais de Alerta – É importante manter a hidratação do paciente com dengue. Aos primeiros sinais de choque, o paciente deve ser internado para correção rápida de volume de líquidos perdidos e da acidose. Durante uma administração rápida de fluidos é particularmente importante estar atento a sinais de insuficiência cardíaca. Outros sinais de alerta para dengue hemorrágica são: dor abdominal intensa e contínua; vômitos persistentes; hepatomegalia dolorosa; derrames cavitários; sangramentos importantes; hipotensão arterial (PA sistólica 80 mm Hg em < 5 anos / PA sistólica 90 mm Hg em > 5 anos); diminuição da pressão diferencial (diferença entre PA sistólica e PA diastólica 20 mm Hg); hipotensão postural (diferença entre PA sistólica sentado e PA sistólica em pé > 10 mm Hg); diminuição da diurese; agitação; letargia; pulso rápido e fraco; extremidades frias; cianose; diminuição brusca da temperatura corpórea associada à sudorese profusa; taquicardia; lipotimia; e aumento repentino do hematócrito.

Fonte: Ascom/Cofen, com informações do Ministério da Saúde

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