A cada 10 mulheres com câncer de mama, uma é abandonada pelo parceiro, diz pesquisa

Levantamento indica ainda que 40% das pacientes são demitidas durante o tratamento de mama

31.10.2024

Uma mulher em tratamento de quimioterapia de câncer de mama
Apenas 17% das entrevistadas não se sentiram desamparadas durante o tratamento contra o câncer de mama

Levantamento realizado pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), em parceria com DataFolha e AstraZeneca, revela que uma em cada dez mulheres diagnosticadas com câncer de mama é abandonada pelo parceiro após a confirmação da doença. Além disso, 40% das pacientes enfrentam demissões durante o tratamento, que pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

O estudo analisou as respostas de 240 mulheres com diagnóstico de câncer de mama em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Goiânia, entre os dias 5 e 13 de setembro de 2024. A margem de erro da pesquisa é de 6 pontos percentuais, para mais ou para menos.

“Infelizmente, é um dado que já esperávamos, de acordo com a experiência que temos dentro do tema”, relata Gabriele Alves, coordenadora de Pesquisa e Informação em Saúde da Femama. As entrevistadas também relataram a falta de apoio, tanto familiar quanto financeiro, sendo que 66% afirmaram ter recebido apoio da família. Cerca de 27% das mulheres indicaram a falta de apoio financeiro como a maior dificuldade enfrentada durante o tratamento.

Embora a doença não costumasse atrapalhar a atividade profissional, seis em cada dez mulheres disseram que a situação no trabalho mudou após o diagnóstico. A pesquisa aponta que 13% das entrevistadas sentiram falta de companhia, como alguém para conversar, enquanto outras 13% desejavam ajuda com as tarefas domésticas e os filhos.

Os pesquisadores também destacaram a importância do apoio durante o tratamento. Muitas mulheres relataram que o suporte emocional é fundamental para que consigam continuar com o tratamento. Gabriele enfatiza que a presença de um acompanhante pode ser crucial, especialmente em momentos difíceis.

“Estamos falando da falta da rede de apoio, tanto na família como no emprego, em entender o que essa mulher está passando”, avalia Gabriele. A pesquisa também apontou que 44% das mulheres sabiam identificar corretamente o tipo de câncer que tinham, o que ressalta a necessidade de mais informação e educação sobre a doença.

Prevenção para o câncer de mama

Além disso, o tratamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas existem custos associados, como transporte, alimentação e despesas do dia a dia, o que torna fundamental a manutenção do emprego durante o tratamento.

Os pesquisadores também lembram que as pacientes têm a possibilidade de solicitar aposentadoria por invalidez pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), embora o processo possa ser demorado. “Muitas querem abandonar o tratamento e não têm ninguém que diga ‘calma, vai melhorar, continua’”, afirma Maira Caleffi, chefe do serviço de mastologia do Hospital Moinhos de Vento e presidente-fundadora da Femama.

A busca por informações sobre a doença também é preocupante: 48% das mulheres consultaram seus médicos em busca de informações, enquanto 34% utilizaram o Google. Gabriele, que superou um câncer de mama, enfatiza que a informação sobre o quadro clínico é fundamental para o entendimento e adesão ao tratamento.

O Ministério da Saúde divulgou um relatório preliminar sobre o PCDT do câncer de mama em fevereiro deste ano, mas ainda não foi publicado oficialmente. A expectativa é que o documento seja aprovado até o fim do Outubro Rosa.

Fonte: Estadão (editada)

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