II Marcha pela Humanização do Parto une mais de 4 mil em Teresina

Atuação da Enfermagem e de ativistas promovem um renascimento do parto

01.12.2014

Convocada pela Enfermagem, marcha mobilizou a sociedade em prol do parto humanizado

Cerca de 4.200 pessoas participaram da II Marcha pela Humanização do Parto no sábado (29/11), em Teresina (PI). Convocada pelo Conselho Regional de Enfermagem do Piauí (Coren-PI) e pela Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstétricas (Abenfo-PI), a marcha conquistou a população e teve o apoio de 40 instituições, incluindo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)

“A marcha traz nas vozes das mulheres a mensagem de empoderamento, de respeito e autonomia sobre seus corpos. A mulher tem o poder de parir fisiologicamente seu bebê, por meio de seus próprios hormônios”, resume Herdy Alves, coordenador da Comissão de Saúde da Mulher do Cofen. “Os hormônios envolvidos no trabalho de parto funcionam melhor quando há tranquilidade, segurança e confiança”.

“A mulher tem o poder de parir fisiologicamente seu bebê, por meio de seus próprios hormônios”, ressalta Herdy Alves

Desde a I Marcha pela Humanização do Parto, realizada em 2012, a capital piauiense vem passando por transformações no nascimento. A capital, cidade de 768 mil habitantes no interior piauiense, conta com residência em Enfermagem obstétrica e com uma população de gestantes segura do que deseja: parto normal, sem intervenções.

A maternidade Evangelina Rosa (PI) está em sua segunda turma de residência em Enfermagem obstétrica. A enfermeira Tatiana Melo, professora da residência, conta que, nesses dois anos, aumentou o índice de parto normal “e, o que é ainda mais importante, a qualidade do atendimento e a satisfação da mulher”. Tatiana avalia que “a vivência em equipe está bem mais próxima, com um trabalho conjunto dos profissionais de enfermagem e medicina”.

A aproximação se reflete no atendimento. “A atuação da equipe de enfermagem mostra que um modelo de atendimento humanizado ao parto, com menos intervenções, é possível e seguro”. O índice de episiotomia realizadas pelas enfermeiras obstétricas e residentes na maternidade Evangelina Rosa é de 5%, segundo Tatiana. O número é bastante inferior ao registrado nos partos realizados por médicos obstetras e residentes da Evangelina Rosa. A realização rotineira da episiotomia, o temido corte feito no períneo para facilitar a passagem do recém nascido no parto vaginal, é condenada pelo relatório Cochrane, que sistematiza dados baseados em evidências científicas.

Gestantes estão na linha de frente das mobilizações pelo parto humanizado

A enfermeira obstétrica Sandra Marina Alves, da maternidade Promenar, conta que a instituição já tem orçamento para o projeto de construção de quartos PPP, que atendem a mulher no pré-parto, parto e pós-parto, considerados mais propícios à humanização do nascimento. A maternidade também está trabalhando para reduzir o número de cesarianas, que aumentou com o referenciamento, chegando a cerca de 40% — acima dos cerca de 15% considerados ideais pela Organização Mundial de Saúde, mas ainda muito inferior às taxas nacionais de 52%, que chegam a quase 90% na rede privada, segundo a pesquisa “Nascer no Brasil”, da Fiocruz, o maior levantamento já realizado sobre o tema.

Ravenna (esq.) superou o trauma do 1º parto, e a caçula Isabelly nasceu em parto humanizado
Ravenna (esq.) superou o trauma do 1º parto, e a caçula Isabelly nasceu em parto humanizado

O renascimento do parto em Teresina – “Eu não queria ter outro parto normal de jeito nenhum”, conta Ravenna Gomes, 20. No parto do primeiro filho, teve infecção nos pontos da episiotomia e sofreu com intervenções, como a manobra kristell. “Morria de medo de passar novamente por aquilo. Os empurrões, o corte, a maneira como me trataram”, conta. Foi convencida pela prima Jéssica Gomes, enfermeira, de que um outro modelo de assistência ao parto era possível.

“O nascimento da Isabelly foi lindo, completamente diferente”, diz a jovem mãe, apontando a esperta caçula de 4 meses. Ravenna aguardou em casa o início da fase ativa do Trabalho de Parto, e foi para a maternidade Evangelina Rosa com 5 cm de dilatação. Tranquila, segura e amparada, teve um parto normal sem cortes e intervenções. Em algumas horas, estava recuperada.

Grávida de primeira filha, Ianna Lima, 28, também marcha pela humanização do nascimento, e está confiante no parto normal. A jovem conta que tem plano de saúde, mas planeja dar à luz no SUS, em função das altas taxas de cesariana na rede privada. “Meu sonho é parir em casa, mas ainda não temos estrutura para isso. Eu escolhi parir na CIAMCA, que é uma maternidade do SUS, porque sei que o parto normal é melhor para mim e para minha filha”, diz.

 

Saiba mais:

Para enfermeiras que convocaram o evento, articulação coletiva explica o sucesso da II Marcha pela Humanização do Parto em Teresina: “Mobilizamos o Piauí pela humanização do parto”

 

 

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