Cofen lança Perfil da Enfermagem em Sergipe

Diagnóstico da profissão tem resultados nacionais, regionais e específicos para cada Estado

28.05.2015

No Estado de Sergipe, a equipe de enfermagem é composta de 90% de técnicos e auxiliares e 10% de enfermeiros. A conclusão é da pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e apoio do Conselho Regional de Sergipe (Coren/SE). Apesar de 70% dos entrevistados terem apontado como extremamente desgastante o desempenho de sua rotina de trabalho, ela foi considerada satisfatória por 63,5% dos pacientes e familiares atendidos. O estudo ouviu 1.236 profissionais no estado e abrange um universo de 14.631 Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem.
O Perfil da Enfermagem em Sergipe

Mais da metade da equipe de enfermagem (67%) no estado de Sergipe se localiza na capital. No quesito mercado de trabalho, maioria (51,2%) dos profissionais declarou possuir apenas uma atividade: o setor público concentra 62,9% dos trabalhadores empregados; o privado 22,6%; o filantrópico 13,4%; e as atividades de ensino 5,2%.
Renda mensal

Considerando a renda mensal de todos os empregos e atividades que a equipe de enfermagem exerce, constata-se que 5% (mais de 1.200) dos trabalhadores recebem menos de um salário-mínimo por mês. A pesquisa encontra um elevado percentual de profissionais (36,8%) que declararam ter renda total mensal de até 1.000 reais.

Os quatro grandes setores de empregabilidade da enfermagem (público, privado, filantrópico e ensino) apresentam subsalários (renda mensal igual ou inferior a 1.000 reais), mas o privado (47,5%) e o filantrópico (60,7%) são os que mais praticam tais pagamentos. Em ambos, os vencimentos de aproximadamente 60% do contingente lá empregado não passa de R$ 2.000.
Masculinização

A equipe de enfermagem em Sergipe é majoritariamente feminina, sendo composta por 89,8% de mulheres. É importante ressaltar, no entanto, a presença de 10,6% dos homens. “No início dos anos 1990, a porcentagem de homens na profissão em todo país era de 2% a 3%. Pode-se afirmar que na enfermagem está se firmando uma tendência à masculinização, com o crescente aumento do contingente masculino. Essa é uma situação que vem se firmando”, afirma a coordenadora do estudo, a pesquisadora Maria Helena Machado.
Profissionais qualificados

O desejo de se qualificar é um anseio do profissional de enfermagem de Sergipe. Os trabalhadores de nível médio (técnicos e auxiliares) apresentam escolaridade acima da exigida para o desempenho de suas atribuições, com 28% reportando nível superior incompleto e 12,8% tendo concluído curso de graduação.

 

Desemprego aberto
Dificuldade de encontrar emprego foi relatada por 81,1% dos profissionais de enfermagem. A área já apresenta situação de desemprego aberto, com 9,3% dos profissionais entrevistados relatando situações de desemprego nos últimos 12 meses.
Conduta profissional

A pesquisa mostra, além da confiança da chefia (71,1%) com o trabalho da equipe, liberdade de expressão dos profissionais com seus superiores (55,9%). Além disso, 55,8% afirmaram existir cordialidade por parte da chefia, e conduta profissional dia a dia é respeitada por 64,7% dos colegas de trabalho.
Ambiente de trabalho

Quando se pergunta da existência de violência no ambiente do trabalho, 51,6% afirmam não existir. Por outro lado, apenas 13,2% dos profissionais se sentem protegidos contra qualquer tipo de agressão nos seus empregos.
Jornada de trabalho

Quanto à jornada de trabalho da equipe de enfermagem, encontramos 9,8% de profissionais trabalhando até 30 horas; 51,3% trabalhando 60 horas; e 21,5% trabalhando mais de 60 horas semanais, em regimes de trabalho diferenciados, trabalho diário plantão e por hora trabalhada.

 

O Perfil da Enfermagem no Brasil

O Perfil da Enfermagem no Brasil é o mais amplo levantamento sobre uma categoria profissional já realizado na América Latina. Além de inédito, o estudo abrange um universo de 1,6 milhão de profissionais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área de saúde compõe-se de um contingente de 3,5 milhões de trabalhadores, dos quais cerca 50% atuam na enfermagem (cerca de 1,7 milhão).
A pesquisa, realizada em aproximadamente 50% dos municípios brasileiros e em todos os 27 estados da Federação, inclui desde profissionais no começo da carreira (auxiliares e técnicos, que iniciam com 18 anos; e enfermeiros, com 22) até os aposentados (pessoas de até 80 anos).
“Traçamos o perfil da grande maioria dos trabalhadores que atuam do campo da saúde. Trata-se de uma categoria presente em todos os municípios, fortemente inserida no SUS e com atuação nos setores público, privado, filantrópico e de ensino. Isso demonstra a dimensão da pesquisa, que não contempla apenas os que estão na ativa, mas a corporação como um todo”, comenta a coordenadora-geral do estudo e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Maria Helena Machado.
A pesquisa foi encomendada pelo Cofen para determinar a realidade dos profissionais e subsidiar a construção de políticas públicas. “Este diagnóstico detalhado da situação da enfermagem brasileira é um passo necessário para a transformação da realidade”, afirma o presidente do Cofen, Manoel Neri.

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