MAIS AUTONOMIA À ENFERMAGEM REDUZ TAXA DE ERRO, DEFENDE ESPECIALISTA AMERICANO

O médico americano Peter Pronovost, especialista em segurança hospitalar, criticou em entrevista ao New York Time que pacientes morrem de hierarquia nos hospitais dos EUA, e defendeu que dar mais autonomia à enfermagem reduz taxa de erro. Aos 45 anos, Peter Pronovost é diretor medico do Grupo de Pesquisa de Qualidade e Segurança do Hospital John Hopkins em Baltimore (EUA), o que significa que ele lidera a busca daquela instituição por formas mais seguras de cuidar dos pacientes. Ele também viaja pelo país, prestando consultoria em hospitais sobre medidas inovadoras de segurança.

09.04.2010

O médico americano Peter Pronovost, especialista em segurança hospitalar, criticou em entrevista ao New York Time que pacientes morrem de hierarquia nos hospitais dos EUA, e defendeu que dar mais autonomia à enfermagem reduz taxa de erro.

Aos 45 anos, Peter Pronovost é diretor medico do Grupo de Pesquisa de Qualidade e Segurança do Hospital John Hopkins em Baltimore (EUA), o que significa que ele lidera a busca daquela instituição por formas mais seguras de cuidar dos pacientes. Ele também viaja pelo país, prestando consultoria em hospitais sobre medidas inovadoras de segurança.
A entrevista concedida ao New York Times foi divulgada pelo Portal G1.

NYT – O que o fez começar sua cruzada pela segurança hospitalar?
Peter Pronovost – Meu pai morreu de câncer aos 50 anos. Ele tinha um linfoma, mas tinha recebido o diagnóstico de leucemia. Quando era estudante de medicina do primeiro ano aqui na John Hopkins, levei meu pai a um de nossos especialistas para uma segunda opinião. O especialista disse: Se você tivesse vindo antes, seria elegível para um transplante de medula óssea, mas o câncer já está muito avançado.

A palavra erro nunca foi pronunciada, mas estava implícita. Fiquei arrasado, com raiva dos clínicos e de mim mesmo. Eu pensava: A medicina tem de ser melhor que isso.

Alguns anos depois, quando eu já era médico, depois de obter um doutorado em segurança hospitalar, conheci Sorrel King, cuja filha de 18 meses, Josie, tinha morrido no Hopkins de infecção e desidratação após a inserção de um cateter.

A mãe e os enfermeiros tinham percebido que a menininha estava com problemas. Mas alguns médicos encarregados de seus cuidados não ouviam. Então, tivemos uma criança que morreu de desidratação, uma doença do terceiro mundo, num dos melhores hospitais do mundo. Muitas pessoas aqui ficaram atormentadas com isso. E a autocrítica que se seguiu fez com que fosse possível para mim realizar novas pesquisas sobre segurança e pressionar por.

NYT – Você sustenta que os hospitais podem reduzir taxas de erro ao dar mais autonomia aos enfermeiros. Por quê?
Peter Pronovost – Porque, em todos os hospitais dos Estados Unidos, pacientes morrem de hierarquia. Pela forma como os médicos são treinados, o domínio experimental é visto como ameaçador e pouco importante. Mas uma enfermeira ou membro da família pode estar com um paciente 12 horas por dia, enquanto um médico só aparece por cinco minutos.

Quando comecei a trabalhar nisso, observei as alegações de responsabilidade de eventos que poderiam ter matado um paciente ou que realmente mataram, em vários hospitais incluindo o Hopkins. Eu perguntei: Em quantos desses eventos alguém sabia que algo estava errado e não falou, ou falou e não foi ouvido?

Até mesmo eu, médico, já passei por isso. Uma vez, durante uma cirurgia, estava administrando anestesia e podia ver que o paciente estava desenvolvendo os sinais clássicos de uma reação alérgica com risco de morte.

Disse ao cirurgião: Acho que isso é alergia a látex, por favor, mude as luvas. Não é, ele disparou, recusando-se a fazê-lo. Então eu disse: Me ajude a entender como você está enxergando a situação. Se eu estiver errado, eu só vou estar errado. Mas, se você estiver errado, você vai matar o paciente. Eu não poderia deixar o paciente morrer porque o cirurgião e eu não estávamos nos entendendo.

Pedi à instrumentista que telefonasse para o reitor da faculdade de medicina, que eu sabia que me apoiaria. Quando ela estava prestes a telefonar, o cirurgião me xingou e finalmente tirou as luvas de látex.

NYT – O que os pacientes podem fazer para se proteger de erros em hospitais?
Peter Pronovost – Eu diria que um paciente pode fazer a seguinte pergunta: Qual a taxa de infecção do hospital? Se esse número for alto ou o hospital disser que não sabe, você deve sair correndo. Em qualquer caso, você também deve perguntar se eles usam um sistema de check list.

Quando você já for paciente internado do hospital, pergunte: Será que eu realmente preciso desse cateter? Estou recebendo benefícios o suficiente para compensar os riscos? A qualquer pessoa que lhe tocar, pergunte: Você lavou as mãos? Parece tolice, mas você tem de ser seu próprio protetor.

Fonte: New York Times – Tradução de Gabriela dÁvila

Fonte:
New York Times – Tradução de Gabriela dÁvila

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