Fiscalização do Cofen constata situações graves no Amazonas

Estruturas precárias, medicamentos vencidos, déficit de profissionais e sobrecarga foram detectadas na maioria dos hospitais

15.09.2017

Fiscais de todas as regiões do Brasil participaram de ação da Força Nacional de Fiscalização

A Força Nacional de Fiscalização do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem concluiu nesta sexta-feira (15/9) a fiscalização in loco nos hospitais e unidades de saúde nas cidades de Manaus e Manacapuru. Irregularidades graves, que afetam o exercício profissional e colocam em risco a população, foram encontradas e registradas pelos fiscais. Relatórios serão encaminhados ao Ministério Público Federal.

O hospital 28 de Agosto, considerado referência no estado, está numa situação degradante. Os fiscais do Cofen encontraram pacientes nos corredores sem qualquer identificação e sem acompanhantes, situação que acarreta riscos de erros em procedimentos de Enfermagem.

Na sala de emergência, com 36 leitos e ocupação de 100% as enfermarias são mistas, pacientes femininos e masculinos ficam no mesmo ambiente, não estando preservadas as prerrogativas de intimidade e privacidade do paciente.

No Hospital e Pronto Socorro Dr. Aristóteles Platão foi encontrado sobrecarga alarmante de trabalho, com um único enfermeiro atendendo 37 pacientes em estado grave, contrariando normativos da Enfermagem. Em casos de pacientes graves, o enfermeiro deve estar a beira do leito nas 24horas. A equipe de fiscalização calcula que seria necessária a presença de, no mínimo, mais 05 enfermeiros por turno para assistência adequada aos 37 pacientes graves.

Gravidade das infrações constatadas repercutiu na imprensa

Irregularidades relacionadas ao exercício profissional da Enfermagem foram detectadas em todas as unidades de saúde fiscalizadas pela equipe, incluindo seis hospitais e duas maternidades.

Foram detectadas 140 irregularidades na oito instituições fiscalizadas, com relatórios circunstanciados. Em quatro dias, a ação alcançou cerca de 150 setores com serviço de Enfermagem e 3.301 profissionais, o que representa mais de 10% dos profissionais lotados em Manaus.

 

Em relação às condições de trabalho, foi verificada a inadequação de locais de repouso dos profissionais com camas em número insuficiente e sobrecarga de trabalho devido à multiplicidade de funções exercidas por esses trabalhadores, entre outros problemas.

Foram expedidos notificações a todas as entidades fiscalizadas, com prazos para resolução dos problemas encontrados pela equipe de fiscalização do Cofen e do Coren/AM. Em caso de permanência das irregularidades, serão tomadas medidas judiciais para saneamento.

O Tribunal de Contas da União solicitou informações sobre os medicamentos vencidos, e vai realizar auditoria sobre a compra.

“O objetivo da Força Nacional de Fiscalização é reduzir as assimetrias e garantir, em parceria com os respectivos Conselhos Regionais, que o exercício profissional da Enfermagem seja adequadamente fiscalizado em todo o Brasil. Nosso trabalho só se encerra quando as irregularidades forem sanadas”, afirmou o conselheiro Walkírio Almeida, coordenador da FNFIS.

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