12 de maio, Dia do Enfermeiro: por uma Enfermagem com mais direitos

Em artigo sobre o Dia do Enfermeiro, presidente do Cofen reforça importância da união de forças da categoria

11.05.2018

Não tem como comemorar o Dia do Enfermeiro sem nos lembrarmos de Florence Nightingale, afinal, além do dia 12 de maio ser o dia em que nasceu, devemos a ela a sistematização inicial do ensino de Enfermagem fundamentado em bases científicas, com método e pesquisas. Foi ela quem começou a modernizar os procedimentos de cuidado, diferenciando o enfermeiro profissional daquelas pessoas que, sem conhecimentos específicos, cuidavam e auxiliavam doentes. Uma mulher além do seu tempo.

A Enfermagem é a profissão do cuidado. É uma profissão elaborada, que envolve aspectos humanos, técnicos e científicos. Os profissionais executam procedimentos complexos que precisam ser apreendidos e muito bem treinados.

Se fizermos uma retrospectiva de nossa profissão, veremos o quanto ela se modernizou e expandiu em sua atuação. Hoje temos profissionais envolvidos em pesquisas, em projetos e programas de saúde, na assistência, nas universidades, no empreendedorismo e em tantas outras frentes de trabalho, onde atuam com competência, superando as adversidades diárias, e seguindo em frente. Estamos muito a frente daquele profissional que “aplica injeção e mede a pressão”, conforme consta do imaginário social.

Nós precisamos nos valorizar mais. Erguer nossas cabeças, certos do nosso lugar dentro do setor saúde e da sociedade do país. Estamos presentes do início ao fim dos processos de atendimento nas instituições de saúde e na comunidade. Devemos estar unidos, fortes. De nada adianta sermos muitos e desunidos. Somos capazes e competentes. A luta pela valorização profissional começa por um movimento interno na profissão e dentro de cada um de nós. Este é o início para a conquista de dias melhores.

Hoje é um dia para comemorarmos, mas sem esquecer que ainda temos muito a avançar. Temos dezenas de milhares de profissionais de enfermagem subempregados e desempregados, outros tantos ganhando salários aviltantes e trabalhando em dupla e até tripla jornada de trabalho para garantirem o sustento de suas famílias. Ainda encontramos resistências e restrições para a nossa atuação em algumas áreas, como a enfermagem estética, apesar de termos qualificação técnica suficiente.

Nessa semana estive em Washington para participar das comemorações promovidas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) em homenagem ao Dia Internacional do Enfermeiro e da Enfermeira. Discutimos um tema muito importante para todos nós que é a “Ampliação do papel dos enfermeiros na Atenção Primária à Saúde”. Discutimos sobre as práticas avançadas de Enfermagem e sua contribuição para a melhoria do acesso, cobertura e resolutividade da atenção básica. Uma área importante de atuação da enfermagem, realizada nos países desenvolvidos desde meados da década de 60, e que precisamos implantar aqui no Brasil.

O Cofen desde o ano de 2015 implantou uma comissão que estuda a enfermagem de práticas avançadas (EPA) e tem discutido com universidades, Ministério da Saúde e com a OPAS, a implantação das práticas avançadas no país. Também iremos realizar um estudo nacional para estabelecer um diagnóstico das ações realizadas nas diferentes regiões do país e analisar quais as práticas podem ser elencadas como Práticas Avançadas de Enfermagem. Os resultados da pesquisa subsidiarão os marcos normativos que irão garantir a autonomia dos enfermeiros com a utilização de protocolos específicos para assegurar a qualidade e a segurança do atendimento à população.

Apesar dos problemas históricos enfrentados pela enfermagem brasileira, temos uma profissão em que mais de 70% (setenta por cento) dos mais de 546 mil enfermeiros são especialistas e temos um dos maiores números de mestres, doutores e pós-doutores entre as profissões regulamentadas no Brasil. Somos inovadores na produção de conhecimentos científicos e temos uma profissão estruturada sem a presença de leigos, uma realidade muito diferente de alguns anos atrás. A tão sonhada valorização profissional, que marca as lutas da enfermagem brasileira desde a década de 20, é algo que se conquista. Requer politização, competência, organização e luta.

Sim, nós podemos avançar mais, podemos crescer mais, podemos impor mais respeito. Mas temos que fazer juntos: Cofen, Conselhos Regionais, sindicatos, associações, sociedades de especialista e cada enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem e Obstetriz que integram os mais de 2,07 milhões de profissionais de enfermagem do Brasil. Este gigante precisa acordar. Assim vamos conquistar todos os direitos que ainda não temos.

Viva os profissionais de enfermagem e a enfermagem brasileira.

Manoel Neri

Presidente do Conselho Federal de Enfermagem

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