CBCENF discute inclusão social na saúde mental

Tema foi debatido durante abertura do encontro

28.11.2018

Uma tarde de inclusão. Essa foi a sensação de quem participou da abertura do II Encontro Latino-Americano de Enfermagem em Saúde Mental, realizado nesta terça-feira (27), uma das programações do 21º CBECENF.

Na edição desse ano, os participantes foram convidados, melhor dizendo, foram incluídos no mundo da música e da dança dos usuários da saúde mental de Campinas, que participam de programas terapêuticos como a musicoterapia e as rodas de movimentos, que fazem parte da Casa de Sonhos, projeto ligado ao Serviço de Saúde Mental Cândido Ferreira.

“A participação da Casa de Sonhos nos permitiu vivenciar o resultado positivo dos trabalhos de inclusão com a música e a dança, apresentados aqui por essas pessoas maravilhosas. Essa bela apresentação nos mostrou como é simples a inclusão. Basta um olhar, um abraço e já nos sentimos incluídos. Aqui demos voz e vez aos pacientes,” declarou Dorisdaia Humerez, Coordenadora Científica do Encontro.

A casa de sonhos existe há 20 anos, e nasceu como uma proposta de arte na comunidade durante o processo de fechamento do hospital psiquiátrico Cândido Ferreira, de Campinas. A coordenadora do projeto, a psicóloga, Gal Soares de Sordi, explica que há um ano o espaço do hospital foi transformado em uma escola de direitos humanos para as pessoas se integrarem. “Usuário do Centro de Convivência não é o paciente que faz tratamento. Para nós, usuários são todos aqueles que frequentam o centro. Tem quem chega para ajudar, quem vem para participar, moradores do antigo hospital, e todos participam juntos, explica”.

Os integrantes do projeto da Casa de Sonhos além das belas apresentações, relataram a grande diferença que a música fez em suas vidas. Para Míriam Miatto, a música dá a ela muita alegria. “Me cura mesmo, levanta meu astral, a gente esquece das dores, de todos os problemas”. Fernando Martins, outro usuário que frequenta a Casa há sete anos, relatou que a roda de música e todas as atividades de lá o faz viver. “O projeto abriu as portas para novos sonhos. Tenho espaço para fazer minhas músicas. A música é tudo de bom”. “Quero dizer que isso tudo é um grande sonho. A música é uma coisa que me segura, me acolhe, qualquer tipo de música”, resumiu o usuário Pedro Delfino.

Troca de experiências com os países vizinhos

 O Encontro foi também um momento de troca de experiência entre os países participantes. A representante da Colômbia, Esperanza Morales relatou o problema da privatização dos atendimentos a pacientes da saúde mental de seu país. “O paciente na Colômbia depende hoje dos planos privados. Ele será atendido de acordo com a autorização de seu plano, sem levar em conta a necessidade detectada e prescrita pelo médico. Os profissionais da saúde do Brasil precisam lutar pelo SUS. Não podem deixar que acabem com o maior programa de inclusão da saúde do mundo”, alertou.

“Na Argentina, profissional da enfermagem já não pertence à saúde. Criaram uma lei que nos restringe a profissionais da área administrativa. A América Latina precisa se unir. A enfermagem precisa estar junta. Somos de fato os responsáveis pelo cuidado dos pacientes”, ressaltou o enfermeiro argentino, Hector Damian.

Para Gilvan Brolini, conselheiro do Cofen, realizar um encontro latino-americano de enfermagem em saúde mental é muito importante, porque é uma área que precisa ser mais persistente do que qualquer outra área, por causa de todas as dificuldades de aceitação que enfrenta. “Temos dificuldades, mas elas se transformam em estímulo para fazemos mais. Sempre temos uma coisa nova a fazer. Esses exemplos que tivemos aqui hoje, nos dão esse incentivo, mesmo enfrentando tantos problemas como o risco da volta dos manicômios. Como o investimento em instituições privadas para cuidar de nossos usuários. Significa um retrocesso a todos os avanços que conseguimos na saúde mental”, alertou.

“Foi uma tarde de inclusão sim. De alegria, de troca de experiência e de aprendizado”, sintetizou o pernambucano Jonata da Silva Santos, técnico em enfermagem e estudante de graduação, que relatou a transformação que teve em sua vida depois de ser submetido a um tratamento com a música. “Depois dessa experiência de hoje, e de ver tantas pessoas felizes por fazer parte desses projetos, tenho certeza que farei minha especialização em saúde mental”, finalizou.

O Encontro continua até a quinta-feira (29). Hoje é dia da apresentação do projeto Rádio Maluco Beleza e seus locutores. A arte fazendo a mudança na vida dos pacientes da saúde mental.

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