Envelhecimento populacional e serviços de saúde são tema de mesa-redonda

Até 2060, idosos serão 35% da população brasileira

30.11.2018

Mudanças demográficas exigem políticas de Saúde especificas

Cerca de 13% da população do país, que já está na casa dos 209 milhões de habitantes, são pessoas acima dos 60 anos, percentual que deve estar próximo de 35% até o ano de 2060, o que significa um idoso para cada quatro pessoas. Trata-se de uma população que demanda cuidados específicos, em grande parte prestados por profissionais de enfermagem. Entre 10% a 25% desta população apresenta ainda situação de fragilidade, com sintomas como declínio funcional e maior risco de hospitalização.

O envelhecimento populacional, o aumento das doenças crônicas, o índice crescente de dependência social e a ausência de políticas públicas de saúde específicas foram preocupações levantadas durante a mesa redonda “Modalidades inovadoras de acolhimento aos idosos”, parte da programação do 21º CBCENF.

Uma das necessidades apontadas foi o investimento na transição de cuidados, isto é, no abandono da hospitalização em favor dos cuidados domiciliares e o investimento na humanização do tratamento.

A experiência do hotel geriátrico Paço das Palmeiras, em Natal (RN), foi uma das modalidades inovadoras de cuidado demonstradas. No Estado, 12,4% dos cerca de 2,8 milhões de habitantes são idosos. “Não temos pacientes, mas sim hóspedes de várias partes do país. Além das moradias, recebo pessoas de férias em finais de semana ou feriados, sendo que a maioria está lá por opção e tem total autonomia”, explicou a coordenadora, enfermeira Walmira Maria de Lima Guedes.

Outra palestrante, Luisa Watanabe Dalben, do Dalben Home Care e Senior Care, comentou sobre as dificuldades de mudança do modelo “hospitalocêntrico”, com foco no  tratamento da doença, para o da promoção da saúde no sistema suplementar, onde o crescimento dos pacientes provoca problemas como o superdimensionamento das equipes. “Hoje, os hospitais estão repensando se vão realmente abrir novos leitos ou tornar-se centros de promoção da saúde também. Este modelo hospitalocêntrico provoca a redução da eficácia e da efetividade, da insatisfação pela dificuldade de acesso e desumanização do serviço”.

Em Campinas, sede do Congresso, o percentual de idosos está acima da média nacional, representando 14,5% dos mais de um milhão de habitantes. Foi apresentada a experiência da Secretaria Municipal de Saúde, pela coordenadora do Centro de Referência à Saúde do Idoso, Priscila Moreira Kosaka.  “A situação é bastante preocupante porque hoje não temos uma política pública de saúde para esta parcela da população e precisamos pensar em como cuidar deste paciente nos próximos anos para que tenhamos um envelhecimento saudável, ocupando menos os serviços públicos e que estes serviços estejam preparados para atender às suas demandas”.

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