De moto, barco e a pé: a saga dos vacinadores para imunizar idosos

O Ceará vacinou mais de 860 mil pessoas contra Covid-19. Por trás desse número estão nomes como o de Jessivânia, Estênio, Kamila, Cleideana e outros vacinadores que enfrentam vários obstáculos para imunizar os idosos nas zonas rurais

27.03.2021

Legenda: O idoso Francisco Alves foi vacinado nesta quinta-feira (25), em cima da canoa

A força da obstinação quando bem catalisada é capaz de transpor barreiras e de pulverizar obstáculos, por mais complexos que sejam. No interior do Ceará, uma legião de profissionais da saúde tem sido prova disso. Dia após dia eles superam as adversidades em prol de uma causa maior: a imunização contra a Covid-19.

O Estado vacinou mais de 860 mil pessoas. No entanto, por trás desse número que sintetiza a esperança, estão nomes como o de Jessivânia, Estênio, Kamila, Cleideana e tantos outros vacinadores que percorrem os mais longínquos lugares para imunizar os idosos nas zonas rurais.

Esse percurso nem sempre é feito de carro. O primeiro semestre do ano marca o período das chuvas no Estado, época em que rios transbordam, estradas ficam intransitáveis e até pontes caem, como aconteceu na localidade do Sítio Grutas, zona rural de Abaiara. “A falta de acesso não iria me impedir de seguir minha missão”, conta orgulhosa a enfermeira Jessivânia Rodrigues Silva, de 27 anos.

A profissional conta que “não pensou duas vezes” quando se deparou com a estrada destruída. Ela e sua equipe – composta por uma técnica da saúde e uma agente comunitária – trocaram o carro por duas motos e seguiram caminho. “É perigoso, estamos sujeitas a cair. Tem muita lama e pedras soltas. O acesso é bem difícil, mas nada disso nos impediu”, revela parte da sua saga para conseguir imunizar os idosos do Sítio Grutas.

Enquanto Jessivânia pilotava a moto, a agente Cristiane Matias levava, no ombro, a caixa térmica com os tão esperados imunizantes. Mais à frente, as posições se invertiam, de modo que Cristiane, Jessivânia e Cícera Braz revessassem a árdua missão.

“É muito cansativo. No fim do dia estamos bem cansadas e com o corpo dolorida. Eu, particularmente, já estou cheia de hematomas, mas não ligo, vamos seguir até imunizar todo mundo”, acrescenta a enfermeira coordenadora da equipe.

Reconhecimento –  A recompensa de tamanho esforço chega a conta-gotas. Nesse aspecto, dosar o carinho recebido tem servido para manter o corpo e alma acalentados por mais tempo. A cada vacina aplicada, o olhar do imunizado expressa a gratidão às profissionais. Jessivânia conta que esse é o combustível que as fazem ir além.

“Não existe coisa mais gratificante do que chegar na casa deles e ver a alegria estampada nos olhos. Dá para ver a esperança no olhar de cada um. São gestos aparentemente simples e pequenos, mas que a gente vai somando um atrás do outro e nos deixa mais fortes”.

Com as energias recarregadas, é hora de seguir. Pela frente há tantos outros obstáculos a superar. A equipe conta que, para chegar em algumas localidades de Abaiara, “são mais 50 minutos de moto”. Em condições normais, com a ponte intacta, um carro faria igual percurso em menos de 20 minutos. “Saber que estamos fazendo o bem é o que importa, todas as dores desaparecerem”, conclui.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado, Abaiara já vacinou 1.198 pessoas.
“NÃO PASSAVA NENHUM VEÍCULO, A GENTE ATRAVESSOU A PÉ” 
O enfermeiro Estênio Melo Araújo, de 41 anos, não pôde usar carro nem moto. Com a cheia do rio que corta a comunidade Valente, na zona rural de Crateús, o profissional, que há dois anos atua em Crateús, teve que atravessar a pé para chegar à casa de dois idosos com locomoção reduzida.

Com água pouco abaixo do joelho e a caixa térmica no alto, por sobre o ombro, Estênio seguiu a passos lentos e cuidadosos por 100 metros até chegar à outra margem do rio. “Choveu muito de terça-feira para quarta (dia 24), não tinha outra saída, como não passava nenhum veículo, a gente atravessou a pé e se tiver que atravessar outros, farei novamente”, conta o enfermeiro.

Leia, na íntegra, reportagem do Diário do Nordeste

 

 

 

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