Dia da Mulher Indígena: Ciência e tradição em prol da qualidade da assistência

Mulheres profissionais da Enfermagem indígenas alinham saberes, buscando o aumento da representatividade e a diminuição da disparidade de gênero

06.09.2021

Ciência e tradição garantem assistência qualificada de Enfermagem

Integrar ciência com o conhecimento tradicional, respeitando os fatores externos que influenciam a transformação, bem como os fatores internos que mantém a tradição. Para a enfermeira Hamyla Trindade, indígena do povo Baré que habita o noroeste do Amazonas, trabalhar diretamente com os povos originários é uma oportunidade de enxergar mais claramente suas necessidades, agregando habilidades que assegurem uma assistência de qualidade centrada no pensamento coletivo e na defesa da vida, buscando também combater a disparidade de gênero.

A enfermeira, que participa da Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Intercultural do Cofen (CONENFSI), destaca que a existência indígena por si só já é desafiadora, mas quando se também é mulher, o desafio é ainda maior. “A luta é diária, porém não há temor que nos faça recuar. A mulher indígena vai além do gênero e incorpora a luta mundial do ser mulher”, enfatiza.

Hamyla Trindade integra a Comissão em Saúde Intercultural do Cofen

Neste último domingo, dia 5 de setembro, foi celebrado o Dia Internacional da Mulher Indígena, evocando séculos de resistência coletiva destas mulheres contra a violência estrutural e pela garantia da sobrevivência. A escolha da data é uma homenagem a Bartolina Sisa, guerreira quéchua esquartejada durante a rebelião anticolonial de Túpaj Katari, no Alto Peru. 

“O Dia Internacional da Mulher Indígena simboliza um momento de celebração, mas também de recapitulação das lutas ancestrais em uma conjuntura de constante adversidade. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) homenageia todas as mulheres indígenas, especialmente as enfermeiras, técnicas e auxiliares pertencentes aos povos originários, que exercem papel fundamental na oferta de assistência de Enfermagem qualificada nestes territórios”, afirma Betânia Santos, presidente do Cofen.

“Quando falamos dos profissionais de Enfermagem, especialmente das mulheres indígenas, falamos de resistência e dos esforços empenhados para a prestação de uma assistência de qualidade, muitas vezes em cenário desafiador. Nesta data, aproveitamos para chamar atenção para as violências sistemáticas que sofrem, para os problemas do SUS e também para os impactos psicológicos do trabalho, agora potencializados com a pandemia da Covid-19”, destaca o coordenador da CONENFSI, Paulo Murilo.

CONENFSI – Através da decisão nº 062/2021, foi criada em abril a Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Intercultural do Cofen, com o objetivo de assessorar o plenário na elaboração de estudos e na apresentação de ações, propostas e pareceres relativos às comunidades tradicionais e outros grupos minoritários. A comissão busca conhecer a realidade do atendimento, com um olhar atento aos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, ciganos, LGBTQIA+ e imigrantes.

Em julho, a comissão esteve reunida para discutir propostas que garantam o mapeamento das ações de saúde em comunidades indígenas, buscando definir estratégias de regulamentação para uma assistência segura, com melhorias do cenário de trabalho dos profissionais de Enfermagem em todo o território brasileiro.

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