ALADEFE divulga declaração aos profissionais de Enfermagem

A presidente da Associação mostra preocupação com a pandemia e solicita atenção às condições de trabalho na saúde

23.03.2020

A presidente da Associação Latino e Iberoamericana de Escolas e Fculdades de Enfermagem (ALADEFE), Olivia Alvarado, publicou uma declaração expressando a preocupação da Associação e solicitando para as autoridades políticas e de saúde, uma atenção imediata às condições de trabalho em que os profissionais de Enfermagem e outros profissionais de saúde se encontram durante a pandemia do Coronavírus (COVID-19).

Caros colegas Enfermeiras e Enfermeiros, em todas as áreas e lugares onde vocês estejam trabalhando, neste vasto, diversificado e belo continente. Estou escrevendo para você por causa da propagação da pandemia de Covid-19, em nosso continente, há algumas semanas, o que provavelmente acarreterá uma crise sanitária sem precedentes em todos os países de nossa amada América.

Como certamente vocês já poderam ter associado de alguma forma, o evento pelo qual Florence Nightingale obteve o maior reconhecimento mundial por seu desempenho, foi por seu papel e cuidados desenvolvidos na Guerra da Criméia(1); onde diminuiu a mortalidade dos soldados, de 80% para 20%, contribuindo com seus conhecimentos, valores e habilidades ao conceder um Cuidado caracterizado pela empatia e compaixão pelo sofrimento humano, coragem, generosidade e solidariedade com os enfermos durante todo o dia e a noite.

E é esse Cuidado, que manteve as mesmas características e valores originais, que as enfermeiras e os enfermeiros ofereceram desde o início dessa pandemia na China. Nesse local, epicentro do surto, mais de 28.000 enfermeiras (os) foram à província de Hubei para combater o Covid-19, incluindo quase metade das enfermeiras (os) de terapia intensiva do país (5.500).

Seus enormes esforços foram recompensados, contribuindo para a recuperação de mais de 44.000 pessoas até agora, isto é, aproximadamente metade do total de infectados. E como já sabemos também, as enfermeiras e os enfermeiros deste lado do mundo não farão isso de maneira diferente. Vocês continuarão a fazê-lo, no momento em que a pandemia se espalhar rapidamente por toda a América.

O objetivo desta declaração é expressar a preocupação da ALADEFE e solicitar, ao mesmo tempo, as autoridades políticas e de saúde, uma atenção necessária e imediata às condições de trabalho em que as enfermeiras e os enfermeiros e outros profissionais de saúde estão e continuarão desenvolvendo suas ações para enfrentar esta pandemia grave e desconhecida.

As diferenças entre as condições de trabalho em que Enfermeiras e Enfermeiros desempenham seu papel são muito diferentes e diversas entre os países da América, causadas por múltiplos fatores: Em alguns existem organizações de Enfermagem fortes e reconhecidas, em outros a sua interferência é menor; em alguns países, existem condições estruturais e legais para que esse profissional possa gerenciar e executar seu trabalho nas melhores condições; em outros, não; em alguns países, a enfermagem é valorizada na equipe de saúde e socialmente; em outros, sua influência é menor; na maioria, há uma escassez constante de profissionais de enfermagem ou também de desempregados, entre outras causas. Sendo todas essas diferenças muito sensíveis durante o período difícil que se aproxima, é complexo determinar a escala do ataque, devido a essa pandemia de características desconhecidas é dificil de precisar. O que, sim é efetivo, é que muitos enfermeiros trabalham em turnos longos, árduos e estenuantes, durante os quais serão expostos ao contágio e a grande quantidade de sofrimento humano. Seu bem-estar físico e mental possivelmente será afetado, sendo de suma importância a atenção e detecção por parte dos empregadores à sinais e sintomas precoces, a fim de adotar antecipadamente as medidas de proteção para os profissionais de saúde, especialmente para os enfermeiros. Como apontou o CIE“ são a primeira linha de defesa” (Howard Catton, diretor geral da CIE). Catton expressa a respeito que “ouvimos muitas vezes que os enfermeiros estão na primeira linha dos cuidados de saúde, mas, na luta contra esse novo vírus mortal, os enfermeiros são a primeira linha de defesa” (3). E isso deve ser entendido pelos governos e autoridades políticas, que devem tomar decisões sobre gestão e governança sanitárias, para garantir o controle da pandemia, mas também garantir que os profissionais de saúde que estarão protegendo a população contem com as condições adequadas para realizar seu trabalho (…)

Confira a declaração na íntegra.

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