Alemanha e Cofen querem garantir segurança para enfermeiros imigrantes

Conselho Federal e governo alemão estão atentos ao aumento do número de enfermeiros brasileiros que viajam para a Alemanha sem acompanhamento adequado

24.03.2022

Cofen e governo alemão querem assegurar condições dignas para que enfermeiros brasileiros possam se estabelecer na Alemanha

O governo da Alemanha está preocupado com o aumento do número de enfermeiros brasileiros que têm se mudado para o país em busca de oportunidades de trabalho através de agências de recrutamento privadas. Sem domínio do idioma, muitos não conseguem aprovação no exame exigido para o exercício profissional, gastam suas economias e se veem em situação vulnerável em um país próspero, mas conhecido também pelo alto custo de vida e mercado de trabalho super regulamentado. 

Em reunião com lideranças do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), nesta terça-feira (22/3), representantes alemães mostraram interesse no estabelecimento de acordo visando garantir condições seguras para que profissionais se estabeleçam de forma legal e possam atender aos requisitos exigidos para atuarem no país, como nível adequado do idioma e aprovação em exame probatório. 

A Enfermagem na Alemanha é uma profissão de nível médio, com atribuições menos complexas em comparação ao Brasil e a maioria dos países. É marcada ainda por uma escassez de força de trabalho, fato que impulsiona a busca por parte do governo local de profissionais em outros países. A oportunidade em um país europeu desperta o interesse dos enfermeiros brasileiros, em um cenário de baixos salários e condições duras de trabalho. 

Acompanhando o ministro conselheiro alemão Christian Sterz, o adido social Manfred Brinkmann alertou sobre a falta de conhecimento dos profissionais sobre a realidade alemã. Os salários, embora pareçam altos para a população brasileira, são deficitários em virtude do custo elevado de vida do país. “Existe um número cada vez maior de agências particulares que estão recrutando enfermeiros no Brasil e sabemos que nem todas praticam um trabalho sério. Muitas realizam promessas falsas e não apresentam um bom acompanhamento no processo de integração e adequação à cultura e à linguagem para que os profissionais possam atuar no país”, revelou.

Presidente do Cofen apresentou panorama da Enfermagem brasileira

A presidente do Cofen, Betânia Santos, agradeceu ao governo alemão pela preocupação com o assunto e destacou o interesse do Conselho Federal em salvaguardar os direitos dos profissionais que desejem trabalhar em terras alemãs. “O Cofen está atento ao problema e disposto a buscar os meios necessários para que a Enfermagem seja assistida da melhor forma possível”, disse durante o encontro.

“Nos comprometemos a analisar de forma mais aprofundada a parceria para saber de que modo a autarquia pode atuar dentro de suas atribuições”, confirmou Alberto Cabral, assessor legislativo do Cofen.

A reunião ainda possibilitou conversa sobre a realidade da Enfermagem nos dois países. Em ambos, os salários praticados são insuficientes e há uma alta jornada de trabalho. Betânia Santos apresentou um panorama das demandas históricas da categoria, destacando o PL 2564/20 que dispõe sobre o Piso Salarial . O requerimento de urgência do projeto foi aprovado também nesta terça-feira (22) por 458 votos a 10.

“Temos interesse na divulgação das regras exigidas pela Alemanha para todos os os profissionais que tenham interesse em viajar, possibilitando que eles exerçam a profissão de forma segura e recebam do governo alemão o tratamento adequado”, afirmou o vice-presidente do Cofen, Antônio Marcos Freire.

Cofen está disposto a contribuir para a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores migrantes

Sabine Plattner, gerente executiva do Instituto Goethe-Zentrum, centro oficial de idiomas da Alemanha, ressaltou a complexidade do processo de aprendizado do idioma. Estima que a necessidade de, aproximadamente 1.100 horas-aula para que o profissional atingir o nível mínimo necessário para os exames. “Muitas instituições de recrutamento não preparam o viajante de forma correta, dificultando as chances de adaptação à língua e principalmente de domínio dos termos específicos da saúde”, frisou.

“É importante que nossos imigrantes saibam realmente o que irão fazer no país para que não corram riscos. Na Alemanha, as atribuições são diferentes e é fundamental que isto seja esclarecido”, salientou a conselheira federal Helga Bresciani.

 

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