Atenção primária brasileira é foco em mesa redonda no 21º CBCENF

Os 40 anos da declaração de Alma-Ata mostram avanços e obstáculos da saúde

28.11.2018

“40 anos de Alma Ata: lições para o fortalecimento da Enfermagem”

Foi realizada nesta terça-feira (27), durante o 21º CBCENF, a mesa redonda “40 anos de Alma Ata: lições para o fortalecimento da Enfermagem” com o objetivo de discutir o cenário brasileiro atual de acordo com os itens pactuados na declaração de Alma-Ata, formulada durante a Conferência Internacional Sobre Cuidados Primários de Saúde na República do Cazaquistão em 1978.

A mesa foi coordenada pelo presidente do Coren Alagoas, Renné da Costa, que contextualizou os desafios da Enfermagem na sua atuação na atenção primária para atingir os objetivos da declaração, que define saúde como um direito humano fundamental e que levar o mais alto nível de saúde para todas as nações seria a mais importante meta social no mundo. Para o professor e enfermeiro sanitarista, Rosemiro Ximenes, a atenção básica na saúde sofre por não avançar, em consequência do modelo medicalocêntrico e hospitalocêntrico que a saúde pública enfrenta desde o regime militar. Esse modelo dá visibilidade a cura e não à prevenção ou educação em saúde, que são as prioridades da atenção básica. Segundo ele, é preciso aplicar a intersetorialidade para promover a saúde e pensar nas subjetividades do ser humano no tratamento oferecido. “Vocês levariam sua mãe ou filho para ser tratado onde trabalham?”, refletiu em sua fala.

Professor e enfermeiro sanitarista, Rosemiro Ximenes, participou da mesa

O enfermeiro, professor e coordenador da Comissão de Práticas Avanças do Cofen, Carlos Leonardo Figueiredo, ressaltou o protagonismo dos enfermeiros na gestão em saúde e a luta que enfrentam para combater as iniquidades geradas pelo estado não só na saúde, mas também na educação. Para ele, a questão é mais grave por enfrentar barreiras políticas, afinal, os políticos, representantes do povo decidem os investimentos e como é gasta a verba, mas sequer usam o SUS em seu próprio tratamento ou de sua família. Nesse sentido, a classe precisa se politizar e combater o desmonte da saúde pública para então conseguir ter qualidade e acessibilidade no mesmo. Ele aponta a saúde como a maior preocupação dos brasileiros atualmente e citou a fundação da Associação Brasileira de Enfermagem da Família e Comunidade, entidade de caráter assistencial e social com o objetivo de atuação científica e social de promover o desenvolvimento da Enfermagem na Atenção Primária à Saúde, priorizando a política de Atenção a Família e Comunidade.

A enfermeira e assessora técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Maria José Evangelista, apresentou a planificação da Atenção à Saúde, já implantada em algumas cidades brasileiras e que tem mostrado eficácia em sua execução. A planificação pode contribuir com as diretrizes de Alma Ata no país. Ela é aplicada na atenção básica de saúde e prevê a realização de oficinas temáticas e acompanhamento contínuo, vislumbrando uma mudança prática, sedimentada em processos estruturados em planejamento, execução, monitoramento e continuidade. “Precisamos de verba, mas também de uma boa gestão e organização”, afirmou.

Levando em consideração o cenário apresentado, é possível observar que os cuidados primários no Brasil avançaram muito e mesmo enfrentando obstáculos políticos e de estrutura é possível avançar mais, garantido a toda a população o sucesso do Sistema Único de Saúde.

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