Ato em apoio ao Piso Salarial reúne 3 mil em Brasília

Ato da Enfermagem no Dia Internacional da Mulher contou, ainda, com participação de doze deputados

09.03.2022

Concentração ocorreu no anexo II da Câmara dos Deputados

Doze parlamentares prestigiaram a categoria, mesmo com a casa legislativa em regime híbrido. A mobilização reuniu profissionais e entidades da saúde em todos os estados do país. Representantes de povos indígenas que estavam no local contra o Marco Temporal na demarcação de terras reforçaram a manifestação.

A realização do ato no Dia Internacional da Mulher, data histórica de lutas, é carregada de simbolismo e representa a luta da Enfermagem. A desigualdade de gênero afeta particularmente a profissão, predominantemente feminina, com 84,6% de mulheres. A aprovação de um piso salarial nacional contribui com a luta cotidiana das mulheres contra a desigualdade de gênero e a discrepância salarial em relação aos homens.

A deputada federal Gleisi Hoffman (PT/PR) ressaltou a importância de levantar essa bandeira histórica. “Toda a minha solidariedade com essas profissionais que estão na linha de frente da pandemia, enfrentando cargas exaustivas de trabalho sem o devido reconhecimento. Nossa bancada e nossa militância são a favor da Enfermagem, a favor da defesa da saúde do povo brasileiro”, disse.

Mais de 80% da Enfermagem é composta de profissionais mulheres

Além da defesa do piso, o ato se tornou em uma grande manifestação em defesa do Sistema Único de Saúde. Principal bandeira da maior categoria da Saúde, o PL estabelece piso de R$ 4.750 para enfermeiros e valores proporcionais de 70% para os técnicos e 50% auxiliares e parteiras.

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) esteve presente, representado pela presidente Betânia Santos, diretores e conselheiros federais. Dirigentes e conselheiros de diversos regionais reforçavam o ato, que ocorreu simultaneamente em diversos estados, além da capital federal.

Presidente do Cofen Betânia Santos e o conselheiro Daniel Menezes, representante do Cofen no Fórum Nacional de Enfermagem, que mobilizou atos em todo o Brasil

“É simbólica a realização de atos no 8 de março, Dia Internacional da Mulher. O PL contribui para reduzir desigualdade salarial, numa profissão que é 85% feminina”, ressaltou Betânia.

Com seu impacto orçamentário anual definido em R$ 16 bilhões, o piso está pronto para ir a votação em plenário na Câmara dos Deputados e foi protocolado nesta terça novo pedido de votação em regime de urgência, requerimento que já conta com as assinaturas necessárias, de acordo com deputados.

Responsável por levar a proposta a votos, o presidente da casa, deputado Arthur Lira (PP/AL) foi um dos mais lembrados por quem fez uso do microfone no carro de som posicionado diante do Anexo II da Câmara, local dos protestos, mas não apareceu. Em declarações públicas ele sinaliza apoio à proposta, mas ainda não atendeu os pedidos de votação em regime de urgência, o que pode acontecer após reunião com líderes partidários.

Primeiro a usar o microfone, o deputado José Guimarães (PT/CE) prometeu votar “em peso” com toda a bancada petista a favor da proposta. “É uma das pautas mais justas desta Casa. Quem trabalha na Saúde é a Enfermagem”, declarou. A seguir, o deputado Carlos Zarattini (PT/SP) fez mais uma defesa apaixonada da categoria e do SUS.

Conselheiro Gilney Guerra defendeu a atuação da Enfermagem na pandemia

Acompanhada do deputado Israel Batista (PV/DF), Jandira Feghali (PCdoB/RJ) avaliou que o piso salarial mínimo para a Enfermagem não deve ser subordinado a critérios de desigualdades regionais. “Não estamos falando de teto, estamos falando de piso. Um enfermeiro do sul não vale menos que outro do nordeste”, ponderou. O deputado Ivan Valente (PSOL/SP) lembrou que o governo federal negou a gravidade do novo coronavírus desde seu surgimento e até mesmo deixou de comprar vacinas, agravando a situação de profissionais de saúde.

Relator do Grupo de Trabalho que estudou os impactos do piso, o deputado Alexandre Padilha (PT/SP) recordou o número de profissionais mortos em meio à pandemia e declarou que a viabilidade da proposta do piso salarial foi “mais do que comprovada”. O conselheiro Gilney Guerra também reforçou que os colegas mortos não podem “cair no esquecimento”.

Uma das mais festejadas pelos presentes, a enfermeira, deputada e integrante do GT sobre impacto orçamentário e financeiro do piso na Câmara, Carmen Zanotto (Cidadania/SC), recordou da jornada dupla que fazia por uma remuneração digna enquanto foi trabalhadora da Saúde.

Defenderam o piso, ainda, os deputados Helder Salomão (PT/SP), Elvino Bohn Gass (PT/RS), Gleisi Hoffmann (PT/PR) e Frei Anastácio (PT/PB). Este último ressaltou que a pauta tem dois meses para ser aprovada em função das eleições deste ano.

Manoel Neri falou pediu urgência na votação do PL

O ex-presidente do Cofen Manoel Neri, atual dirigente do Coren-RO, declarou que é hora de haver mais representatividade da categoria no parlamento e defendeu o voto em candidatos da Enfermagem. “Precisamos eleger uma bancada para somar esforços e aprovar os projetos de lei da Enfermagem brasileira que dormem eternamente na mesa da Câmara dos Deputados”, disse.

Reforço indígena – Um grupo de dezenas de indígenas que se concentrava diante do Anexo II deu um tom festivo ao ato com o toque de tambor danças tradicionais. O ato contra o Marco Temporal na demarcação de terras indígenas acabou mesclado ao da Enfermagem, em um colorido que se juntou ao branco dos profissionais da Saúde. Líder da manifestação, o cacique Japiaçu, da Bahia, chegou a subir no carro de som e fazer uso da palavra.

Apoio dos Corens foi fundamental na mobilização

O ato durou cinco horas e foi completamente pacífico e em clima de união. O PL do Piso Salarial é fruto de ampla pactuação das entidades, levando em conta a realidade financeira do país. Terminou com promessas de prosseguimento na luta pela aprovação do PL do piso e de pressão sobre os parlamentares da casa.

Sobre o Fórum Nacional da Enfermagem – Criado em torno da luta pela jornada de 30h, o fórum é uma instância privilegiada de diálogo e mobilização das entidades. Abraçou diversas lutas da categoria, incluindo o Piso Salarial, demanda histórica da Enfermagem

Além do Cofen, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS), Associação Nacional dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (ANATEN) e Executiva Nacional dos Estudantes de Enfermagem (ENEEnf) integram o Fórum

 

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