Audiência Pública em Manaus diz não à EaD em Enfermagem

Nesta terça-feira (10/05) foi a vez da capital amazonense expor o posicionamento contrário à EaD, cobrando ações de apoio. Uma carta será encaminhada a entidades da classe e a autoridades.

11.05.2016

Realizada no Tribunal de Contas do Estado do Amazonas na tarde desta terça-feira (10/05), através de parceria entre Cofen e Coren-AM, a Audiência Pública sobre a modalidade de ensino a distância na graduação e formação técnica de Enfermagem rechaçou a modalidade EaD, após discussão detalhada. Carta formulada pelo Coren-AM com o resultado das discussões será encaminhada aos Conselhos Municipais e Estaduais de Enfermagem, ao Ministério Público e às Câmaras e Deputados Estaduais e Federais, expondo o posicionamento contra a EaD e cobrando ações de apoio.

O presidente do Coren-AM, Paulo Lima, abriu a audiência – com quase 200 participantes -, reforçando a necessidade de se barrar as iniciativas de ensino a distância: “Somos contra o EaD na formação da Enfermagem. Se não dermos um basta nesse sistema, são profissionais mal formados que irão cuidar de nossos filhos e netos”, afirmou. Lima ainda destacou o importante papel dos profissionais, dos estudantes e da sociedade como agentes multiplicadores de denúncias de irregularidades.

A representante do Cofen no ato, Valdelize Pinheiro, que também é professora da Universidade do Estado do Amazonas e coordenadora da Câmara Técnica de Ensino e Pesquisa (CTEP/Cofen) , apresentou os dados da Operação EaD e lembrou que, embora não seja objetivo da Autarquia a fiscalização da formação dos profissionais, a qualidade do ensino é diretamente responsável pela assistência prestada ao paciente. “A realização dessas Audiências Públicas já resultou no fechamento de dez mil vagas de uma renomada Universidade”, afirmou Valdelize.

Os dados do estado surpreenderam os presentes, apontando 23 polos educacionais a distância para graduação em Enfermagem completamente irregulares, sem sequer cadastro no sistema e-MEC. Outros pólos EaD, mesmo que regulares, não abriram turmas por falta de demanda de mercado. Os cursos presenciais somam 2.373 novas vagas por ano, demonstrando a oferta suficiente de cursos para a categoria.

Felizardo Monteiro, enfermeiro e representante da Secretaria Estadual de Saúde no evento, manifestou sua preocupação com o tema, reforçando a extrema diferença entre as formações básicas de graduação e as continuadas, como as especializações. Ele ainda questionou o incentivo à formação em massa de enfermeiros. “No Amazonas, já somos 1,19 enfermeiro para cada mil habitantes. Além disso, nos cursos presenciais, não conseguimos preencher nem 50% das vagas”, relatou o enfermeiro.

Compondo a mesa, o deputado estadual Sinésio Campos (PT) ponderou a existência de grandes distâncias no estado do Amazonas, mas reconheceu que a modalidade é desnecessária em cidades e locais de fácil acesso ao ensino. “Precisamos barrar qualquer iniciativa que traga ao estado profissionais não qualificados, ainda que com o diploma, a realizar as atividades profissionais de saúde”, finalizou o deputado.

Também deixou sua contribuição, mesmo que ao final do ato, o deputado estadual Luiz Castro (REDE-AM). Ele afirmou que a EaD em Enfermagem explicita o mercantilismo e desumanização do Ensino e da Saúde Pública Brasileira, mesmo com a dificuldade de acesso dos alunos aos polos presenciais, destacando o trabalho da Universidade Estadual do Amazonas em prol da acessibilidade de municípios distantes em diversos cursos, inclusive Enfermagem.

 

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