Brasil recebe certificado de país livre da elefantíase

Três países nas Américas ainda são considerados endêmicos para doença: República Dominicana, Guiana e Haiti

12.11.2024

Jarbas Barbosa, diretor da Opas, entrega o certificado de país livre da filariose linfática para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante cerimônia na sede da Opas em Brasília
Filariose linfática é uma das maiores causas globais de incapacidade permanente. (Foto: Fabio Rodrigues – Pozzebom/Agência Brasil)

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da filariose linfática, doença popularmente conhecida como elefantíase. A Organização Mundial da Saúde (OMS) formalizou o reconhecimento durante cerimônia realizada na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília, nesta segunda-feira, 11.

A filariose linfática é uma das maiores causas globais de incapacidade permanente, com sérios impactos socioeconômicos, especialmente em comunidades de baixa renda. A doença estava endêmica em alguns municípios da região metropolitana do Recife, incluindo Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista, mas o último caso registrado no Brasil foi em 2017. Ela é causada pelo nematoide Wuchereria bancrofti, que é transmitido pela picada do mosquito Culex quinquefasciatus, conhecido popularmente como pernilongo ou muriçoca. As manifestações mais graves incluem edemas crônicos nos membros, nos seios e na bolsa escrotal.

Para o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, a eliminação de doenças tropicais negligenciadas representa não só um avanço em saúde pública, mas também um “imperativo ético e moral”. Ele destacou a necessidade de identificar as barreiras de acesso enfrentadas pelas populações afetadas e investir em estratégias que incluam novas ferramentas, medicamentos, vacinas e testes laboratoriais. “Eliminar uma doença é um esforço muito grande por conta das relações entre algumas doenças e a pobreza, uma relação de círculo vicioso. São os mais pobres os que mais adoecem e, quando eles adoecem, se tornam ainda mais pobres. Perdem produtividade, a família tem mais despesas para levar à unidade de saúde, à reabilitação”, afirmou.

Barbosa parabenizou os esforços envolvidos na conquista e sugeriu que o exemplo sirva de incentivo para avançar na eliminação de outras doenças negligenciadas na região, como oncocercose e tracoma, além de aprimorar a resposta à tuberculose e ao HIV. “Como foi possível eliminar a filariose, é possível eliminar oncocercose, tracoma, avançar muito com a tuberculose, com o HIV. Acho que o Brasil tem todas as condições de continuar sendo esse líder regional”, completou.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou que doenças como a filariose linfática refletem as desigualdades sociais e, ao mesmo tempo, reforçam condições de pobreza. Ela destacou a necessidade de um cuidado mais abrangente e inclusivo para romper o ciclo de doenças relacionadas à falta de acesso a serviços básicos.

Contexto Global

No cenário mundial, o Brasil passa a integrar o grupo de outros 19 países e territórios que também foram certificados pela OMS por terem eliminado a filariose linfática como problema de saúde pública, incluindo países como Malawi, Togo, Egito, Iêmen e Bangladesh. Nas Américas, a doença ainda é endêmica na República Dominicana, Guiana e Haiti, onde são necessárias campanhas de administração em massa de medicamentos para interromper a transmissão.

Em 2023, dados da OMS indicam que aproximadamente 657 milhões de pessoas em 39 países e territórios ainda residem em áreas onde o tratamento em massa é recomendado para controle da filariose linfática. A meta global da OMS é eliminar pelo menos 20 doenças tropicais negligenciadas até 2030, com estratégias que busquem equidade no acesso à saúde e combate a essas enfermidades que afetam, principalmente, as populações mais vulneráveis.

Fonte: Agência Brasil (editada)

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