Cofen realiza 9º Fórum Permanente de Atenção Primária em Saúde

O encontro destacou os índices de gravidez não planejada, fortalecimento da contracepção como forma de promover saúde sexual e ainda as fragilidades nos serviços à mulher

05.03.2024

Na ultima quinta-feria (29/2) o Conselho federal de Enfermagem (Cofen) sediou a 9º Fórum Permanente de Atenção Primária em Saúde (APS) e Imunizações, promovido pela Câmara Técnica de Atenção Básica à Saúde (CTAB/Cofen). O encontro entre profissionais e representantes do Cofen apresentou índices sobre gravidez não planejada, além de abordar o crescente acesso ao dispositivo intrauterino (DIU) em Alagoas e a urgência de desburocratizar o acesso a serviços.  

A assessora técnica de atenção à saúde da mulher do Ministério da Saúde (MS), Jamina Prestes, destacou que no período entre 2017 e 2021, das 2 milhões de gestantes no Brasil, 55% delas não planejaram engravidar e 30% não desejavam passar pela gestação. Segundo ela, as ações do MS tem sido centralizadas na vontade da mulher a respeito do momento ideal de gestar.

“Entre essas mulheres, aproximadamente 25% pefeririam esperar mais tempo para engravidar. 29,9% delas desejavam não engravidar em nenhum momento, atual ou futuro, mas se percebe que não houve acesso a assistência em saúde sexual e reprodutiva”, afirma. Jamila ainda expõe que aproximadamente 500 mil abortos são realizados por ano no Brasil.

Gravidez precoce — Dentre os recém nascidos vivos, 14% são paridos por mães menores de 19 anos, 52% das mulheres que realizaram o primeiro aborto estavam nesta faixa etária quando passaram pelo procedimento. Apenas 30% das jovens tinham intenção de engravidar. A assessora complementa que essas meninas estão sujeitas ao risco de “evasão escolar, casamentos infantis, perpetuação de ciclos de violência, sobrecarga no trabalho de cuidado, abandono do recém-nascido, rejeição por parte da família e migração para situação de rua”, cita.

Em adição à discussão sobre saúde reprodutiva, a coordenadora da comissão de saúde da mulher do Cofen, Danielly Dayane, menciona a iniciativa de capacitação para que enfermeiros façam inserção de DIUs, inaugurada em Alagoas no ano 2019. Até então, somente 106 DIUs haviam sido inseridos pelo Sistema único de saúde (SUS) em toda história do estado. Com o projeto, mais de 5 mil procedimentos foram executados pelo serviço público.

“Desde o ano 2000, praticamente, temos o insumo do DIU nas nossas farmácias do estado, e tínhamos mulheres obesas, com trombose ou problemas de circulação que não permitem o uso do contraceptivo oral. Tinha o insumo, mas não o profissional que o oferece-se à pessoa com útero”, discorre Danielly.

Atuais desafios — A enfermeira e especialista em ginecologia Keyla Bessa, que atuou como responsável técnica da saúde da mulher na Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe, destaca que a atual atenção à saúde feminina é condensada nos centros de referência de atendimento, o que burocratiza o acesso aos serviços que ela conseguiria por meio da atenção primária.

“Muitas vezes as mulheres se deparam não só com barreiras institucionais, mas também com profissionais que não conseguem aceitar a autonomia dessa mulher em relação a sua saúde sexual e outras questões de gênero”, ela reflete.

Ao final no fórum, Keyla aponta fragilidades nos cuidados a esse público, como a impossibilidade de solicitar a ultrassonografia transvaginal e de prescrever medicamentos que estão previstos nos protocolos nacionais. “Há uma deficiência de protocolo, o que não favorece a assistência porque muitos deles são antigos, sejam estaduais ou municipais. Não se tem uma padronização, de maneira geral, na assistência à mulher”, sublinha.

Fonte: Ascom — Cofen

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