Conselho Regional de Enfermagem anuncia interdição ética parcial em hospital no Sertão

Ação no Neurocárdio, em Petrolina, foi motivada pela falta de profissionais em setores da unidade

19.06.2024

Fiscalização do Coren-PE documentou irregularidades

O Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) anunciou, nesta terça-feira (18), uma interdição ética parcial no Hospital Neurocárdio, em Petrolina, no Sertão.
 
Um levantamento realizado pela equipe de fiscalização do conselho apontou a ausência de enfermeiros atuando na Central de Material e Esterilização (CME) e na emergência durante o período noturno e nos fins de semana.
 
Com a  interdição ética parcial, foi determinada a  suspensão do trabalho dos profissionais de enfermagem, “até a devida regularização dos quadros funcionais”.De acordo com a chefe do Departamento de Fiscalização das Subseções do Coren-PE, Hélia Sibely Mota, a primeira ação na unidade ocorreu em outubro do ano passado, após o conselho receber denúncias sobre a falta de profissionais. 
 
A equipe de fiscalização do Conselho constatou o problema, notificou a direção e retornou ao Hospital em março deste ano. 
 
“A direção da unidade foi notificada duas vezes e não tomou nenhuma providência, não procurou o Conselho e não deu nenhuma resposta. As denúncias sobre a falta de profissionais e a consequente sobrecarga de trabalho continuaram. Em maio, realizamos a composição da Comissão e fizemos uma nova inspeção, notificamos mais uma vez, e informamos sobre a abertura de uma sindicância para dar início ao processo ético. Diante do cenário, o Plenário do Coren-PE decidiu pela interdição parcial”, observou.
 
A unidade – Referência em cirurgias e atendimentos de casos graves, o Hospital Neurocárdio compõe a rede privada de saúde de Petrolina.
 
De acordo com o levantamento realizado pelo Conselho, durante o período noturno e nos fins de semana, apenas dois enfermeiros atuam em toda a unidade de saúde. Com isso, a emergência, setor responsável pelo atendimento de pacientes graves, fica sem a presença de um enfermeiro ou enfermeira. 

“Com essa interdição ética parcial, ficam suspensas as atividades de enfermagem, ou seja, o hospital pode funcionar nas outras alas, para que os demais profissionais possam trabalhar. Mas na emergência e no CME não podem. É importante ressaltar que os pacientes que se encontram na emergência vão continuar recebendo a assistência de enfermagem. Já quanto ao CME, caso seja necessário o processamento de algum material para uma cirurgia, que já esteja programada, isso vai ocorrer normalmente. Mas com o início do processo de interdição ética, a emergência não pode receber novos pacientes, nem novas cirurgias podem ser realizadas”, explica Dr. Marcos Antônio Souza, Conselheiro do Coren-PE e Presidente da Comissão de Sindicância Responsável pela interdição ética. Ainda segundo ele, “o funcionamento desses setores só poderá ser normalizado, quando a direção da unidade comprovar a contratação de novas profissionais de enfermagem”.

O Diário de Pernambuco tenta contato como hospital  e aguarda retorno. 

 O que é interdição ética – O processo de Interdição Ética de enfermagem é uma medida tomada pelo Conselho Regional de Enfermagem quando se verifica que as condições de trabalho e atendimento em um setor de saúde estão inadequadas, o que pode comprometer a segurança dos pacientes e, principalmente, a integridade dos profissionais de enfermagem. Essa medida impede a atuação dos profissionais de enfermagem no setor interditado até que as irregularidades sejam corrigidas.
 
“O que queremos garantir é que o atendimento prestado pelos profissionais de enfermagem seja seguro, ético e de qualidade. Não podemos aceitar que uma unidade de saúde do porte do Hospital Neurocárdio siga atuando dessa forma, contra as Resoluções do Cofen, desrespeitando os pacientes e a equipe de enfermagem. O Coren-PE vai continuar vigilante para evitar que esse tipo de situação se repita em qualquer unidade do estado”, ressalta o Presidente do Coren-PE, Gilmar Júnior.

Fonte: Diário de Pernambuco

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