Crescimento de casos de covid-19 e SRAG alerta para situação preocupante no país

São Paulo e Goiás registram alta nas ocorrências, enquanto circulação de rinovírus afeta crianças e adolescentes em várias regiões do Brasil

09.09.2024

Estados e capitais. (Imagem: InfoGripe).

O novo Boletim InfoGripe, divulgado pela Fiocruz na última semana, aponta um aumento contínuo de casos de covid-19 no Brasil, com destaque para os estados de São Paulo e Goiás. Esse crescimento está diretamente relacionado ao aumento de ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) provocadas pela covid-19. De acordo com os pesquisadores, a intensa movimentação de pessoas entre São Paulo e outras regiões pode contribuir para a disseminação do vírus, acarretando um crescimento da doença em outros estados nas próximas semanas. Em contrapartida, os casos de SRAG provocados por Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e Influenza A seguem em queda na maior parte do território nacional.

Em termos nacionais, há um aumento expressivo nos casos de SRAG em todas as faixas etárias, sendo que, em crianças e adolescentes de até 14 anos, esse crescimento está associado ao rinovírus. Já entre os adultos, as hospitalizações são majoritariamente causadas pela Covid-19. O estudo da Fiocruz refere-se à Semana Epidemiológica (SE) 35, que compreende o período de 25 a 31 de agosto.

Tatiana Portella, pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz, ressalta a importância de manter a vacinação contra a Covid-19 atualizada, especialmente para os grupos de risco. Além disso, ela enfatiza a necessidade de que a população continue adotando medidas de proteção, como o uso de máscaras em locais fechados e com grande aglomeração de pessoas, além das unidades de saúde. “Em caso de sintomas, a recomendação é que as pessoas, inclusive crianças e adolescentes, permaneçam em casa. Com o aumento do rinovírus entre os mais jovens, é fundamental evitar o comparecimento às escolas. Caso o isolamento não seja possível, o uso de máscaras é imprescindível”, orienta Portella.

O boletim também revela um aumento dos casos de SRAG por rinovírus, especialmente entre crianças e adolescentes de até 14 anos, concentrados nas regiões Nordeste, Centro-Sul e em alguns estados da região Norte. Embora o VSR ainda seja uma das principais causas de internações e óbitos em crianças de até dois anos, os casos de SRAG relacionados a esse vírus já demonstram tendência de queda nas últimas semanas. Nas quatro semanas epidemiológicas mais recentes, os casos positivos de SRAG foram causados por Sars-CoV-2 (28,4%), Influenza A (12,4%), Influenza B (2,6%) e VSR (11,3%).

O crescimento de SRAG está sendo observado tanto em tendências de curto prazo (últimas três semanas) quanto de longo prazo (últimas seis semanas), impulsionado pelo aumento dos casos relacionados à Covid-19 e ao rinovírus. Dezessete estados, entre eles Alagoas, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, já apresentam indícios desse aumento prolongado. Entre as capitais que registram crescimento nos casos de SRAG, estão São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Manaus, Recife e Belo Horizonte.

Até o momento, em 2024, o país registrou 123.082 casos de SRAG, sendo 48,3% positivos para algum vírus respiratório, com destaque para VSR (41,6%) e Sars-CoV-2 (18%). A mortalidade por SRAG, principalmente entre crianças de até dois anos e idosos acima de 65 anos, segue sendo fortemente influenciada pela circulação de VSR, rinovírus, Covid-19 e Influenza A. Em crianças, o VSR é responsável pela maioria dos casos graves, enquanto nos idosos, a Covid-19 e a Influenza A têm apresentado maior impacto, tanto em hospitalizações quanto em óbitos.

Até o presente momento, foram notificados 7.370 óbitos por SRAG em 2024, dos quais 52,2% foram confirmados laboratorialmente para algum vírus respiratório. Desses, 50,8% estão relacionados à Covid-19 e 30,2% à Influenza A, demonstrando o impacto contínuo desses vírus na mortalidade. Nas últimas semanas, a prevalência entre os óbitos positivos foi de 48% para Sars-CoV-2 e de 27,2% para Influenza A, consolidando esses dois vírus como as principais ameaças para as faixas etárias mais vulneráveis.

Fonte: Ascom/Cofen, com infomações da Fiocruz

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