Em defesa da autonomia reprodutiva, XI Marcha Pela Humanização do Parto reúne duas mil pessoas

Aproximadamente duas mil pessoas participaram da marcha

23.11.2023

Aproximadamente duas mil pessoas marcharam em defesa da autonomia reprodutiva e humanização do parto, neste sábado, 18/11, em mais uma edição da Marcha Pela Humanização do Parto. A mobilização, que já faz parte do calendário de Teresina, é uma iniciativa do Conselho Regional de Enfermagem do Piauí (Coren-PI), em parceria com a Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (Abenfo) – Secção Piauí e com o apoio do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

Desde 2012, a marcha busca informar, promover discussões e sensibilizar gestores e a sociedade em geral da importância da garantia do direito a uma experiência plena de respeito, cuidado e acolhimento durante todas as etapas do ciclo gestacional. “Esse evento é fundamental para que possamos conscientizar a sociedade e os profissionais de saúde da importância do respeito aos direitos e à autonomia das mulheres”, ressaltou o presidente do Coren-PI, Enf. Antonio Neto. Em sua fala, Antonio Neto mencionou as ações do Coren-PI voltadas à saúde sexual e reprodutiva das mulheres, em especial, a qualificação da consulta de Enfermagem, com capacitação de enfermeiros para inserção de Dispositivo Intrauterino (DIU) e do uso da ferramenta Ultrassonográfica em municípios piauienses, fruto de uma parceria com o Cofen.

Irradiando animação, os presentes seguiram o trio elétrico, acompanhando as coreografias de um educador físico e divulgaram a mensagem de acolhimento, respeito aos direitos da mulher e de todos os atores envolvidos no processo reprodutivo. O percurso da XI Marcha Pela Humanização do Parto seguiu do Complexo Turístico da Ponte Estaiada pela Av. Raul Lopes, até o balão do Shopping Riverside. Participaram do evento profissionais e acadêmicos de Enfermagem, demais áreas da saúde, instituições de ensino e simpáticos à causa. Destaque para a presença da Coordenadora de Saúde da Mulher da Secretaria de Estado das Mulheres (Sempi), Gislandia Gonçalves e de conselheiros e servidores do Coren-PI.

Evento disponibilizou arte gestacional gratuitamente para as gestantes

Entrando na 39ª semana de gestação, a mamãe Daiane Amorim aguarda avidamente a chegada da sua primeira filha, Mavie. Ela conta que desde que descobriu a gravidez planeja em um parto humanizado. “Sempre tive muito receio de sofrer alguma violência durante a minha gestação, o que me fez pesquisar mais sobre o tema e contratar uma doula. Hoje, sou acompanhada por uma equipe multiprofissional”, disse. Quando questionada sobre os motivos que a levaram à marcha, a estudante de nutrição responde com segurança: “O que nós queremos, enquanto gestantes, é ter um parto seguro, tranquilo, uma experiência que fique marcada apenas pela beleza e alegria. Movimentos como esse são importantes para que as mulheres estejam conscientes dos seus direitos”, disse.

Tendo como base a ética e o respeito às individualidades, no parto humanizado, a mulher é protagonista, com suas vontades e características consideradas. Um direito inquestionável, mas que nem sempre é aplicado. Independentemente do tipo de parto, tradicional ou cesariano, o termo “humanizado” refere-se à forma como ele é conduzido, com um conjunto de ações que possibilitam uma experiência segura, acolhedora e feliz.

Mamãe Edna deu show de desenvoltura

O bebê Francivaldo Filho ainda nem veio ao mundo e já tem a garantia de uma chegada tranquila e com todos os seus direitos e de sua mãe assegurados. Isso porque a sua mãe, Edna Oliveira, está tendo acesso a uma assistência humanizada durante toda a sua gravidez. Grávida do segundo filho, ela conta que em sua primeira gestação foi muito bem acompanhada e teve total liberdade de escolher o tipo de parto. Edna estava decida pelo parto normal, porém, nas últimas fases da gravidez, acabou descobrindo uma alteração na localização de sua placenta, o que levou à realização de um parto cesariano. “Agora, pretendo ter o meu bebê por parto normal. Mas, junto com a equipe, vamos decidir o que for melhor. Isso que é o importante: a mulher ter esse protagonismo, decidir junto com a equipe o que é melhor tanto para ela, como para o bebê”, explica Edna, enquanto ostenta com orgulho a pintura em sua barriga, produzida durante a marcha.

Atuando com o parto humanizado desde 2016, a enfermeira obstetra Márcia Pinheiro reforça a relevância do papel social de informação e conscientização assumido pela Marcha Pela Humanização do Parto nos últimos anos. “É muito importante a gente fortalecer esse movimento de conscientização como um todo, já que promove esse direito da mulher, de ser bem assistida, bem tratada e respeitada durante toda a sua gestação, trabalho de parto e puerpério”, finalizou.

Redução da mortalidade materna e neonatal – A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o parto humanizado como um importante elemento para a promoção da saúde. Ele contribui para a redução da mortalidade materna e neonatal, da violência obstétrica e das alarmantes taxas de cesarianas brasileiras.

Fonte: Coren-PI

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