Enfermagem obstétrica é destaque no 21º CBCENF

O assunto foi debatido no Encontro da Saúde da Mulher com Ministério da Saúde, ANS, Abenfo e Cofen

29.11.2018

Encontro reuniu entidades e especialistas

O empoderamento é o ato de tomar o poder para si. Além de uma questão política, o empoderamento feminino também diz respeito à saúde da mulher e a liberdade de escolher a forma do parto. Hoje, segundo dados da Agência Nacional de Saúde, cerca de 85% dos partos na rede privada são cesarianas e 40% na rede pública. Em muitos casos as cesarianas são desnecessárias e causam transtornos às puérperas.

A violência obstétrica, o parto humanizado e a forma que a enfermagem pode atuar para melhorar esses índices foram temas debatidos no Encontro de Saúde da Mulher na mesa redonda com o mote: “Enfermagem em Evidência: Foco na Valorização Profissional da Enfermagem em Saúde das Mulheres”, que aconteceu durante o 21º CBCENF, nesta quarta-feira (28).

O encontro reuniu entidades e especialistas que apresentaram seus cases de sucesso e suas expertises. O presidente da Comissão da Mulher do Conselho Federal de Enfermagem, Herdy Alves, coordenou a mesa e fez um diagnóstico do atual momento da obstetrícia “Estamos em transição de modelos. Precisamos manter a união da rede para garantia de direitos”, alertou.

Rosana de Divitiis, representante do Ministério da Saúde, apresentou projeto

Rosana de Divitiis, representante do Ministério da Saúde, apresentou o projeto Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Apice On). O Apice On qualifica as maternidades ligadas a hospitais de ensino, para interligar o ensino, a gestão e a atenção em um projeto só, onde as boas práticas de atenção aos partos e nascimento possam ser repensadas dentro das instituições.

“O papel da enfermagem é preponderante nesse aspecto. O que temos observado, dentro do projeto, é que a enfermagem é importante no aspecto de desencadear mudanças mais seguras para a realização das boas práticas do parto e nascimento”, afirmou.

A Agência Nacional de Saúde (ANS) foi representada pela enfermeira Maria Carolina que apresentou o projeto Parto Adequado e a inserção da enfermeira obstetra dentro da saúde suplementar. O projeto é uma iniciativa que busca identificar modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar. Trata-se de uma parceria entre hospitais, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da Saúde e de operadoras de planos de saúde.

“O próprio profissional enfermeiro, quando faz a faculdade é treinado para cuidar. Com o enfermeiro obstetra não é diferente. O cuidado é totalmente diferenciado na humanização quando a gente pensa na assistência parto puerpério. A mulher é muito acolhida dentro da enfermagem obstétrica, se tornando protagonista no processo. Estamos lutando cada vez mais para que ela tenha esse protagonismo e consiga deslanchar tendo o parto da maneira quer, com muito respeito e carinho, com o bebê vindo ao mundo sem violência. Atualmente, é um problema que nós temos na saúde suplementar, o bebê vir ao mundo com muita violência”, declarou Maria Carolina.

A Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras – ABENFO – também teve papel importante na discussão. A presidente Kleyde Ventura destacou a importância da formação e do trabalho em equipe. “Temos tentado oferecer qualificação do cuidado, de redução de mortalidade materna, em parceria com o Ministério da Saúde, tudo isso atendendo às políticas públicas de mudança de modelo. Também estamos trazendo a perspectiva da formação e intervenção que se dá no trabalho e, a partir dele, transformá-lo na produção de sujeitos. Estes sujeitos são as usuárias (mulheres, família e seus bebês), os trabalhadores da saúde, em especial a equipe de enfermagem, e os gestores, para que possamos produzir saúde”, afirmou Kleide Ventura, presidente da Abenfo.

Para finalizar a mesa redonda, Michely Filete, chefe de fiscalização do Cofen, falou da regulamentação da enfermagem obstétrica e da importância do enfermeiro responsável técnico (RT) para comandar uma equipe. “São cerca de 7 mil enfermeiros obstetras cadastrados no Brasil, sabemos que existe muito mais. Cabe ao enfermeiro RT verificar a especialização de seus profissionais”, explicou. O presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas, Renné Costa, participou como ouvinte da palestra. “Decidi ser enfermeiro obstétrico quando o médico proibiu que eu acompanhasse o parto do meu primeiro filho. Proponho uma nova forma ver a obstetrícia que dê empoderamento às mulheres para poder diminuir a violência que muitas ainda sofrem no parto”, afirmou.

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