Enfermagem participa da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena

Conferência reúne mais de 1,7 mil pessoas, incluindo representantes de diversas etnias. Corte de 60% no orçamento ameaça Saúde Indígena

16.11.2022

Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) participa da conferência, em Brasília

Brasília recebe desde a segunda-feira (14) a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, evento que reúne 1,7 mil pessoas no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em debate o futuro da atenção primária aos povos originários. A maior categoria da Saúde marcou presença no evento e ouviu demandas dos profissionais indígenas. Organizador da conferência, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) denuncia o corte do orçamento da Saúde Indígena, que foi de R$ 1,4 bilhão em 2022 para R$ 609 milhões em 2023.

Representante do Conselho Federal de Enfermagem no CNS, Edna Mota, de Rondônia, convidou os profissionais presentes para uma reunião de escuta das demandas da Enfermagem nesta quarta-feira (16). Edna criou um grupo de Whatsapp para uma troca permanente de experiências. “É um trabalho de base que vem de muitos anos, trazido a partir das conferências regionais e que temos a possibilidade de consolidar aqui na Conferência Nacional”, disse Edna.

A reunião contou com a mediação do coordenador da Comissão Nacional de Enfermagem Intercultural do Cofen (Conenfsi/Cofen), Paulo Paiva, em uma mesa redonda para escuta ativa de demandas dos enfermeiros, técnicos e auxiliares que cuidam dos povos originários, incluindo integrantes das comunidades indígenas. “Um dos principais pleitos destas comunidades é a incorporação de suas culturas, como o uso das ervas medicinais nos tratamentos e dos rituais”, afirmou Paiva.

Conferência reúne 1700 mil pessoas em Brasília

Muitas das demandas da Enfermagem em povos indígenas dizem respeito às próprias dores do ofício em geral, como recursos escassos e falta de medicamentos. De acordo com Maria Bezerra, conhecida como “Mocinha Capinauá”, falta o básico como remédio de controle de pressão arterial nas aldeias. Além disso, há uma demanda por maior acolhimento da cultura indígena na prática da Enfermagem. “Sentimos que as tradições não são olhadas com a devida generosidade pelo Ministério da Saúde”, queixou-se Mocinha.

Tais demandas foram confirmadas por profissionais de Enfermagem presentes na reunião. Claudeonora Bezerra, delegada representante dos Capinauás, de Pernambuco, sente que profissionais de Enfermagem oriundos de culturas não indígenas têm dificuldade de aceitar tais tradições. “A atenção de Saúde em aldeias que não é feita por indigenista não funciona”, avaliou.

Delegado representante da cultura caingangue da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre (RS), Paulo Trindade, acredita que, mesmo desejável pelo interesse do paciente, ser da própria comunidade também implica em viver constantemente acionado nas emergências de saúde fora do horário de trabalho, o que sobrecarrega o profissional. “Estamos constantemente demandados e não atender não é uma opção”, afirmou.

Uma solução sugerida seria a inclusão de um sobreaviso à remuneração de profissionais de Enfermagem que moram nestas comunidades isoladas, mas a capacitação de indígenas para o atendimento básico de saúde também foi apontada como desejável no suprimento de profissionais íntimos das tradições originais.

Histórico – As Conferências de Saúde Indígena fazem parte de esforços de educação permanente e participação das comunidades. O intuito é avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação de políticas de saúde. As Conferências de Saúde Indígena mostram direções para compreender qual é a necessidade da população e o que é possível ser feito para que todos tenham acesso aos serviços de saúde com qualidade e respeito.

A 5ª CNSI foi realizada em Brasília, de 2 a 6 de dezembro de 2013. Nela, foram aprovadas 444 propostas e 55 moções.

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