Enfermeira conta como venceu o sistema e teve parto domiciliar assistido

Após ser induzida a uma cirurgia desnecessária na primeira gestação, a enfermeira-fiscal do Coren-MT Cíntia Ribeiro decidiu mudar o jogo

12.08.2016

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Na busca por um parto normal, Cintia abriu mão do plano de saúde e fez acompanhamento pré-natal pelo SUS; “fui muito bem assistida”

Sorridente com o pequeno Lucas, a enfermeira Cíntia Ribeiro, fiscal do Coren-MT, encantou os colegas com seu relato de parto humanizado. Conhecimento e acolhimento foram as armas usadas por Cíntia para vencer o sistema e ter o parto normal que sempre desejou.

“Para falar sobre o parto do Lucas, eu preciso voltar três anos e falar sobre o não-parto do Pedro”, diz. Grávida do primogênito, Cíntia foi induzida a fazer uma cesariana eletiva com 38 semanas, prática hoje vetada pelo próprio Conselho Federal de Medicina. O médico alegou que o bebê era grande demais e a bacia estreita, que o parto seria longo, o bebê entraria em sofrimento e poderia nascer com sequelas. “Nessa hora um buraco se abriu no chão e eu caí, eu estava preparada para ter horas intermináveis de dor, mas não estava preparada para causar problema no meu filho por um “capricho” meu. Então a sentença estava assinada, saí do consultório com a cesárea agendada”, conta.

“Algum tempo depois, fui convidada para assistir O Renascimento do Parto”, diz. O filme foi um divisor de águas para a enfermeira, que se identificou com as histórias de cirurgias induzidas sem base em evidências, e decidiu iniciar uma pós-graduação em Enfermagem Obstétrica. Pouco tempo depois, engravidou. “Queria parir para provar a mim mesma que meu corpo não é uma máquina defeituosa, que meu corpo é perfeito”.

Na busca por um parto normal, Cíntia abriu mão da rede privada e iniciou o pré-natal no Sistema Único de Saúde -SUS. Na rede privada, o índice de cesarianas chega a 84%, segundo a pesquisa Nascer no Brasil (Fiocruz, 2014), mais amplo estudo já realizado sobre o tema no país. No início da gravidez, 2 em cada 3 gestantes brasileiras deseja parto normal, proporção que cai à medida em que o pré-natal avança.  “Fui muito, mas muito bem assistida no PSF Primavera”, afirma a enfermeira. Até então, ela não pensava em parto domiciliar. “Achava loucura”, admite.

A busca por privacidade, tranquilidade e por um parto livre de intervenções desnecessárias mudou sua percepção. “Ao assistir novamente o filme O Renascimento do Parto, percebi que eu precisava de um lugar seguro para parir, e que este local não era num hospital sem privacidade, onde eu receberia milhares de intervenções durante meu trabalho de parto”, conta Cíntia. Informou-se sobre a segurança do parto domiciliar, questionou e decidiu. Em 7 de julho de 2016, o pequeno Lucas nasceu em casa, em um parto assistido pela enfermeira obstétrica Karine Lima.

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Lucas nasceu em casa e foi direto para os braços da mãe

No início daquela tarde, às 14:30h, Cíntia começou a sentir a barriga endurecer. Ao marcar as contrações, constatou que já duravam mais de um minuto e vinham a cada 5 minutos. Às 16h, ligou para a equipe.

“Às 19:50h, a bolsa se rompeu, e as contrações agora vinham mais fortes e mais próximas. Mas as massagens tornavam cada contração quase que indolor. Às 22:10h, começou a vontade de fazer força. “Nesse momento as dores eram de grande intensidade, mas a cada dor eu pensava “nossa como meu corpo é perfeito, a cada força meu bebê está mais próximo de mim”. Foi então que eu fechei os olhos e pedi intercessão de Nossa Senhora a mãe das mães para que na próxima contração ela colocasse meu filho em meus braços. E assim foi: às 23:33h, Lucas nasceu, no aconchego de seu lar e veio direto para meus braços.”

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