Auxiliar de Enfermagem e escritora, Lilia Guerra revela como o trabalho na saúde inspira sua literatura

Filha e neta de trabalhadoras domésticas, a autora de sucessos como Perifobia (2018) fala sobre direito à cidade e sua paixão pela arte de Dona Ivone Lara.

01.04.2025

A Auxiliar de Enfermagem e escritora Lilia Guerra é autora do livro de contos, finalista do Prêmio Rio de Literatura em 2019, Crônicas para colorir a cidade (2022) e Novelas que escrevi para o rádio Vol. 1, 2 e 3 (2022). Abaixo você confere trechos da entrevista concedida ao programa Radis Comunicação e Saúde/Fiocruz. A conversa em tom descontraído foi conduzida por Luíza Lago Zauza, estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da UERJ.

“Sou apaixonada pela Dona Ivone Lara, que foi profissional da Enfermagem, depois fez serviço social, além de intérprete, compositora, e foi escritora também. Música para mim é matéria-prima.”  Lilia Guerra, Auxiliar de Enfermagem e escritora. Foto: Renato Parada

Como a literatura entrou na sua vida?

Sou uma mulher de 48 anos, tenho duas filhas, sou casada há 33 anos. Moro num bairro periférico de São Paulo, um Conjunto Habitacional (Cohab) chamado Cidade Tiradentes, lugar para onde vim com dez anos de idade na época em que os aluguéis da região central de São Paulo começaram a ficar impossíveis de pagar. Hoje vejo que era [um processo de] higienização no Centro e nos bairros considerados mais nobres. Fomos banidos para os arredores da cidade. Mas, falando de literatura, fui educada primordialmente por mulheres. Morávamos eu, minha mãe, minha avó e eventualmente minha tia nesse bairro, que era bem estruturado, e tinha uma biblioteca. Quando vim para o conjunto habitacional, encontrei uma escola ainda em construção. Não tinha uma sala de leitura. Apesar de semialfabetizada, minha mãe me incentivou a ler desde muito cedo, e me matriculou na biblioteca quando eu tinha seis anos, até porque era um espaço gratuito. Ela me fez acreditar, e era verdade, que a biblioteca era um espaço importantíssimo.

Além de escritora, você trabalha como auxiliar de Enfermagem. Como o seu trabalho inspira a sua literatura e vice-versa?

O que posso trazer da Enfermagem para a literatura é a escuta. Todo cuidado começa pela escuta e pela observação, ao procurar entender as necessidades das pessoas. Como servidora pública, estou ao lado para saber como vamos resolver tal problema e para que a pessoa saia com uma resposta. Trago muito isso para a literatura: ouvir, refletir e observar. O que posso levar da literatura para o trabalho é a mesma coisa. Muitas vezes converso com as pessoas que eu atendo. Fala-se que o brasileiro não lê muito, mais ainda nos bairros periféricos. Quando eu converso com as pessoas, eu às vezes pergunto: você é sócio de alguma biblioteca? Você lê ou tem lido? E trago muito das experiências para a literatura. É impossível não trazer. Ouvir, olhar, me inspirar e falar ‘acho que isso dava um conto ou uma crônica’, ‘vou fazer uma anotação rápida aqui para me lembrar’.

Confira a entrevista realizada no dia 1º de fevereiro de 2025 clicando no link abaixo.

“O que posso trazer da enfermagem para a literatura é a escuta”

Fonte: Ascom/Cofen com informações da Radis Comunicação e Saúde/Fiocruz

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