Especialistas alertam para uso abusivo de antibióticos durante o inverno

O inverno chegou e é justamente na estação mais fria e seca do ano que há um aumento substancial da carga viral na atmosfera. A consequência disso é a proliferação de patologias de diversos gêneros, especialmente nas crianças, que estão interagindo socialmente cada vez mais cedo. As doenças típicas dessa época desencadeiam uma prática que está gerando grande preocupação entre os pediatras: a utilização desenfreada de antibióticos.

29.07.2010

O inverno chegou e é justamente na estação mais fria e seca do ano que há um aumento substancial da carga viral na atmosfera. A consequência disso é a proliferação de patologias de diversos gêneros, especialmente nas crianças, que estão interagindo socialmente cada vez mais cedo. As doenças típicas dessa época desencadeiam uma prática que está gerando grande preocupação entre os pediatras: a utilização desenfreada de antibióticos. Essa atitude, realizada muitas vezes sem conhecimento por parte dos pais, é a grande responsável por causar a chamada resistência bacteriana, que acaba comprometendo a eficácia dos antibióticos existentes.

De acordo com a Doutora em Otorrinolaringologia e Professora da Faculdade de Medicina da USP, Tania Sih, a principal indicação do uso de antibióticos na infância é para o tratamento da infecção de ouvido causada por bactérias. “Infelizmente, os antibióticos têm sido usados no tratamento das doenças causadas por vírus, O problema é que não existe ação desses medicamentos contra os vírus causadores dos resfriados e das gripes”, observa a doutora. Para Tania Sih, nem sempre uma amigdalite necessita de um antibiótico, por exemplo. “O médico sempre deve analisar um conjunto de fatores para receitar este tipo de medicamento. Muitas vezes, o estágio desta doença exigirá apenas um analgésico”, ressalta.

Visão semelhante possui o Mestre e Dout or em Pediatria e Professor de Otorrinolaringologia da PUC Minas, Ricardo Neves Godinho. Segundo ele, “o uso indiscriminado de antibióticos pode comprometer a eficácia dos mesmos em casos necessários e apropriados, prejudicando inclusive as futuras gerações”, explica. Para ele, “os médicos precisam praticar a chamada Terapia da Informação, difundindo os malefícios do uso errôneo dos antibióticos”. Godinho também ressalta que o antibiótico, de uma forma geral, é um recurso não renovável. “Hoje, as pesquisas de novas formulações não são tão intensas, justamente porque a cultura da automedicação compromete a longevidade e eficácia do produto”, afirma.

Em debate

A indústria farmacêutica também está se mobilizando para discutir essa importante questão de saúde pública. Recentemente, a EMS, maior laboratório brasileiro, finalizou uma série de simpósios que reuniu mais de 1600 pediatras de diversos Estados brasileiros. O objetivo dos seis eventos realizados foi, justamente, discutir o uso consciente de antibióticos. “A prescrição equivocada desses medicamentos para crianças é um problema sério e que deve ser evitado”, afirma o vice-presidente de Mercado da EMS, Waldir Eschberger Junior.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 50% dos antibióticos são usados sem prescrição médica. Só em 2009, a venda de antibióticos no País movimentou R$ 1,6 bilhão, segundo relatório do IMS Health, principal auditoria do setor farmacêutico.

Dicas de prevenção

Muitos problemas nas crianças podem ser evitados com atitudes simples. Os doutores Tania Sih e Ricardo Godinho, autores do livro Cuidando dos Ouvidos, Nariz e Garganta das Crianças, recomendam várias dicas que podem ajudar as crianças a não adoecerem.

– Amamentação: seja no seio ou na mamadeira, a cabeça e o tronco da criança devem ficar mais elevados em relação ao plano horizontal (cerca de 45º), para evitar que o leite escorra para a porção p osterior do nariz. Existe um canal de ligação entre a nasofaringe e o ouvido (tuba auditiva) e, nas crianças que mamam deitadas, o leite pode atingir o ouvido médio, por meio deste canal, causando infecção de ouvido (otite).

– Atenção às chupetas: Utilize as chupetas ortodônticas, pois estas possuem um bico com formato mais semelhante ao do mamilo materno e são mais adequadas, pois permitem a elevação da ponta da língua na cavidade oral, estimulando a língua a uma deglutinação que não provoca alteração na arcada dentária.

– Precauções no inverno: Evite aglomerações, especialmente em locais fechados; agasalhar as crianças adequadamente, oferecer uma dieta rica em frutas e sucos naturais para garantir uma boa hidratação, evitar ambientes com fumaça de cigarro e tentar manter a casa aquecida. Lembre-se da fórmula: casa saudável = família saudável

– Precauções no verão: Ter cuidado com o sol e com a exposição prolongada dos ouvidos à água, pois isso pode i nfeccionar a pele do canal do ouvido.

– Cuidados com o nariz: Importante para prevenir doenças respiratórias e ajudar no tratamento das rinites e sinusites, bem como nas gripes e resfriados. As crianças costumam chegam a produzir mais de um litro de secreção por dia no nariz. Por isso uma boa hidratação é fundamental. Usar soro fisiológico na limpeza é indicado.

– Cuidados com a tosse: na tosse seca, os pais devem avaliar o ambiente, principalmente no quarto das crianças. Tapetes, falta de ventilação, cortinas, brinquedos de pelúcia, pó ou mofo geralmente desencadeiam tosse. Tosse, seguida de expectoração ou febre, ou tosse seca persistente, deve ser avaliada por um médico.

– Alimentação e Esporte: Deve ser balanceada, rica em frutas e verduras. As vitaminas que as crianças precisam ingerir diariamente estão nestes alimentos. Além disso, é preciso incentivar a prática de esportes por parte das crianças.

– Observação constante: Os pais deve m ficar atentos ao comportamento dos filhos. Dificuldades na escola e hábito de aumentar demais o volume da televisão podem ser sinais de problemas na audição. É fundamental que os pais também conheçam a estrutura de berçários e creches, pois o ambiente e o contato com outras crianças também é uma fonte de transmissão de bactérias.

– Uso do antibiótico: Administrar sempre na hora certa e na dose recomendada pelo médico e utilizá-lo por todo o período prescrito; Conservar o medicamento em local fresco ou na geladeira (verificar orientação do fabricante); Não interromper o tratamento quando a criança melhorar.

Fonte:Barcelona Soluções Corporativas

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