Estudante de Enfermagem cria projeto que dá acesso à água para famílias carentes

Iniciativa produz filtros ecológicos que, além de sustentáveis, contribuem para a saúde pública e podem ser usados como fonte de renda

06.06.2022

Iniciativa também contribui para a sustentabilidade

A Enfermagem que faz a diferença todos os dias carrega a missão e a responsabilidade de olhar pelo outro. A estudante de Enfermagem Elayne Azevedo, ainda no início de sua trajetória dentro da ciência do cuidado, já está vivendo isso na prática. Natural do povoado Saco do Pequi, zona rural do município de Matias Olímpio, norte do Piauí, ela é idealizadora de uma iniciativa que promove oficinas de criação e doação de filtros ecológicos para famílias em situação de vulnerabilidade social.

A finalidade do projeto é levar ao público-alvo oficinas onde todo o processo de fabricação do filtro é ensinado e algumas peças produzidas são doadas. Além disso, palestras relacionadas aos benefícios da ingestão de água filtrada, bem como os riscos do consumo de água imprópria, são realizadas. Com fabricação custando menos de 25 reais, mais de 50 filtros já foram entregues.

Elayne, que é filha de uma agente comunitária de saúde, relata que sempre comentava com a mãe sobre como seria interessante que mais pessoas tivessem acesso ao dispositivo de filtração. Em suas visitas rotineiras, a mãe da estudante orientava sobre a confecção e uso da peça, mas de uma forma bem limitada, sem alcançar muitas pessoas.

Já na faculdade, em um dos estágios de Enfermagem, Elayne passou a observar a quantidade de pacientes que dava entrada na Unidade Básica de Saúde (UBS) com enfermidades relacionadas à ingestão de água não potável. Foi então que o seu antigo desejo começou a se tornar realidade.

Elayne sempre teve o desejo de estender as oficinas a mais pessoas

A estudante procurou Adalberto Paz, seu professor, e apresentou o filtro ecológico. De imediato, o Adalberto aprovou a ideia. Os dois passaram a trabalhar em um projeto escrito que, por causa da pandemia, precisou ter sua execução adiada. Hoje, já como Projeto de Extensão de uma faculdade particular de Teresina, possibilita que famílias que não têm acesso à água própria para o consumo adquiram o dispositivo ecológico. Coordenados por Elayne e pelo professor Adalberto, os 15 empolgados alunos que integram o projeto ajudam a disseminar a iniciativa por comunidades piauienses.

As oficinas servem, até mesmo, para um momento de educação financeira: “Nós aproveitamos para explicar como o filtro pode ser usado como geração de renda, já que eles podem ser comercializados”, explica Elayne.

Produzido basicamente da combinação de baldes de gênero alimentício, velas e torneira, o filtro ecológico já passou por testes que comprovaram a sua eficácia e eficiência, como explica o professor Adalberto: “O filtro tem uma eficácia de 100%, já fiz experimentos microbiológicos e parasitológicos, em laboratório, com a água filtrada por ele. Tivemos como resultado o atestado de pureza da água.”

Muito além da importância do filtro para o meio ambiente, por ser um material reciclável, Elayne destaca a colaboração do projeto para a melhoria da qualidade de vida de várias famílias: “Temos levado educação, geração de renda, contribuindo para o meio ambiente e promovendo saúde. É um projeto bastante enriquecedor. Esperamos conscientizar a população a respeito dessas doenças de cunho hídrico, com prevenção e tratamento. A nossa expectativa é que esse projeto alcance a maior quantidade de pessoas possível”, concluiu.

De acordo com dados do Ministério da Saúde de 2018, as internações hospitalares de pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o país, por doenças causadas pela falta de saneamento básico e acesso à água de qualidade, geraram um custo de R$ 100 milhões. Foram 263,4 mil internações. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada dólar investido em água e saneamento resultaria em uma economia de US$ 4,3 em custos de saúde no mundo.

“Comparando os elevados gastos do Estado com doenças relacionadas ao consumo de água imprópria, seria mais inteligente investir em prevenção, não apenas no tratamento dessas enfermidades. Esse é o nosso objeto: educar, conscientizar e prevenir”, finalizou o professor.

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