Estudo indica pontos fortes e frágeis na cultura de segurança em maternidades

Trabalho em equipe é apontado como ponto forte. Punitivismo, subnotificação, falta de comunicação e subdimensionamento são os pontos mais frágeis

07.03.2024

A segurança do paciente é uma preocupação permanente das equipes de Enfermagem nas instituições de saúde, especialmente durante o parto, período que envolve diversos riscos e vulnerabilidades para a mãe e o bebê. Diante desse quadro, uma cultura de segurança sólida e funcional é essencial para minimizar eventos adversos e garantir a qualidade da assistência obstétrica.

Mas como é na realidade? Para responder a essa pergunta, foi realizado um estudo em duas maternidades de Portugal, com o objetivo de avaliar a cultura de segurança na prática clínica dos enfermeiros obstetras. A pesquisa, intitulada Cultura de segurança na prática clínica dos enfermeiros obstetras, identificou pontos fortes e frágeis que podem auxiliar na construção de um ambiente mais seguro para gestantes e profissionais.

Indicadores
A dimensão “trabalho em equipe dentro das unidades” se destacou como o ponto mais forte, com mais de 75% de respostas positivas. Isso indica que a colaboração entre os profissionais é uma prática bem estabelecida nas maternidades pesquisadas.

No entanto, outras dimensões apresentaram resultados preocupantes:
– Resposta ao erro não punitiva: a cultura punitiva ainda predomina, dificultando a comunicação aberta sobre erros e a aprendizagem organizacional.
– Frequência da notificação de eventos: a subnotificação de eventos adversos é um problema que impede a identificação de falhas e a implementação de medidas corretivas.
– Trabalho em equipe entre unidades: a comunicação entre diferentes unidades da maternidade precisa ser aprimorada para garantir um atendimento mais eficaz e seguro.
– Apoio à segurança do paciente pela gestão: o estudo indica que a gestão hospitalar precisa se comprometer mais com a segurança do paciente, investindo em recursos humanos e materiais.
– Quantidade de profissionais: a falta de profissionais de saúde, especialmente enfermeiros obstetras, sobrecarrega as equipes e impacta negativamente a qualidade da assistência.

Futuro
O estudo reforça a importância da avaliação periódica da cultura de segurança nas maternidades. A partir dessa avaliação, é possível implementar medidas para fortalecer os pontos positivos e superar os desafios identificados.

Algumas medidas que podem ser tomadas para melhorar a cultura de segurança nas maternidades:
– Criar um ambiente de trabalho mais aberto e colaborativo, onde os profissionais se sintam à vontade para comunicar erros e aprender com eles.
– Incentivar a notificação de eventos adversos, sem medo de punições.
– Promover a comunicação eficaz entre diferentes unidades da maternidade.
– Investir na formação continuada dos profissionais de saúde em segurança do paciente.
– Aumentar o número de profissionais de saúde, especialmente de enfermeiros obstetras, para garantir um atendimento mais adequado às necessidades das gestantes.

A construção de uma cultura de segurança sólida é um processo contínuo que exige o engajamento de todos os profissionais da maternidade, desde a gestão hospitalar até a equipe de assistência direta. Ao implementar medidas para fortalecer a segurança do paciente, é possível garantir um ambiente mais seguro para gestantes, bebês e profissionais de saúde.

Para saber mais sobre o estudo, leia o artigo completo

Fonte: Ascom/Cofen, com base no estudo Cultura de segurança na prática clínica dos enfermeiros obstetras

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