Exercício físico combate efeitos do HIV

A prática de exercícios físicos se transformou em aliado para combater a alteração da massa corporal em pessoas com o vírus HIV. A lipodistrofia é um dos efeitos causados pela medicação, que provoca aumento ou perda de gordura nas regiões do abdômen, entre os ombros, em volta do pescoço, nos braços, pernas, nádegas e rosto.

27.06.2011

A prática de exercícios físicos se transformou em aliado para combater a alteração da massa corporal em pessoas com o vírus HIV. A lipodistrofia é um dos efeitos causados pela medicação, que provoca aumento ou perda de gordura nas regiões do abdômen, entre os ombros, em volta do pescoço, nos braços, pernas, nádegas e rosto.


Pensando nisso, a Prefeitura de São Bernardo criou, em agosto do ano passado, uma academia destinada ao atendimento destes pacientes junto à rede municipal de Saúde. Em menos de um ano já colhe bons resultados.


“Observamos perda de gordura e ganho de musculatura. Os alunos também apresentam melhor equilíbrio e coordenação”, explica a fisioterapeuta Regina Célia Cuattrin.


“Cada aluno tem um programa específico voltado para suas necessidades. Todos os equipamentos e exercícios usados são os mesmos das academias convencionais. Além disso, tem a troca de experiência com outras pessoas que vivem situações parecidas, o que melhora a autoestima”, ressalta.


Até cinco pessoas participam das atividades em cada horário. Atualmente, são 68 pacientes, entre 18 e 75 anos, que frequentam as aulas duas vezes por semana. A academia está localizada na Clínica Municipal de Especialidades Médicas (Avenida Armando Ítalo Setti, 402, 3° andar, Baeta Neves), e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18h.


Regina conta que os alunos são disciplinados, dificilmente faltam. Um dos participantes é o aposentado José Carlos Alberto, 49 anos, que há uma década descobriu o vírus.
“Além de apresentar um bom resultado, Alberto se tornou mais comunicativo e sempre está com um sorriso no rosto”, avalia Regina.
O aposentado admite que a convivência com outras pessoas ajuda a superar os limites.


Ele revela que sempre recebeu apoio da família. “Tive câncer de intestino, passei por quimioterapia e nunca desisti.”


Preocupado com a saúde e com a estética, Alberto já fez dez preenchimentos no rosto por ter perdido gordura e agora encara duas horas por semana os exercícios para fortalecer os músculos do corpo.


Fonoaudióloga e coordenadora do Ambulatório de Lipodistrofia do Programa de Aids, Karina Viviani de Oliveira Pessoa explica que as causas das alterações no corpo ainda são desconhecidas. “Não tem nada comprovado. Nem todos passam por isso, mas observamos que é mais comum entre homens brancos com mais de 40 anos”, afirma.


Para a psicóloga da Pontifica Universidade Católica de São Paulo Edna Peters Kahhale, os benefícios da atividade física vão além dos resultados do corpo. “A autoestima melhora, previne a depressão, diminui os efeitos da medicação e ainda previne doenças cardíacas e respiratórias.”


AVALIAÇÃO


Antes de iniciar os exercícios é preciso fazer avaliação física e cardiovascular. Se o paciente estiver apto, passa então por programa de exercícios com orientação de fisioterapeuta e nutricionista.


“As atividades ocorrem duas vezes na semana com uma hora de duração cada. Depois de quatro meses, fazemos avaliação para ver se a meta foi atingida ou se é preciso mudar”, ressalta Karina.


A fonoaudióloga diz que a demanda não é maior porque muitos que fazem tratamento não moram em São Bernardo e trabalham o dia todo. “Como atendemos toda a região e nem sempre os horários são compatíveis, passamos exercícios que podem ser feitos em casa.”


Atividade ajuda pacientes com hepatite


Exercícios físicos também são aconselhados pelos especialistas para quem tem hepatite – inflamação no fígado. Além de melhorar a musculatura, ajuda a combater a fadiga e o cansaço.


A aposentada de São Bernardo Maria Aparecida Duarte Barbosa, 61 anos, descobriu há 11 anos que tinha hepatite C. “Foi um baque quando descobri, porque não sentia nada e foi ao fazer exames a pedido do ortopedista que descobri. Mas sei que não vou morrer com a doença e não por conta dela.”


Há sete meses Maria frequenta a academia. “Estava com dores no corpo e problemas ortopédicos. Agora tenho mais energia, a musculatura está fortalecida”, explica a aposentada, que diz ter a doença estabilizada. “Sinto que ainda há o preconceito. Não tenho vergonha de falar, sempre que vou ao podólogo, dentista.”


A dona de casa de São Bernardo Juara Maria Estavori de Melo, 54, descobriu no Japão que sofria do mal. “Fiz tratamento lá e percebi que as pessoas não sabiam muito e havia discriminação. Por isso, resolvi voltar para o Brasil”, afirma Juara, que está desde o ano passado no município sendo atendida pela rede pública e há cinco meses na academia. “Antes tinha fadiga e sempre estava cansada. Hoje tenho mais fôlego e a resistência melhorou.”


Enfermeira de saúde pública pelo programa de hepatite da Clínica Municipal de Especialidades Médicas, Ana Maria Sotirios Michas ressalta que o número de casos tem aumentado, mas que por ser doença silenciosa, nem todos os casos são identificados.


Ela revela que até o dia 15 de maio 225 pessoas foram diagnosticadas, sendo que no mesmo período de 2010 foram 160. “A tendência é aumentar. Em média, recebemos 40 pacientes por mês.”


Ana explica as principais diferenças dos três tipos de hepatite. “A hepatite A tem 99,9% chance de cura, enquanto na do tipo B a chance é de 70% com a vacina e a medicação injetável. Já na C a chance é de 50% com a medicação”, afirma a enfermeira.


“Cerca de 50% das pessoas que usam medicamento apresentam bom resultado e zeram a carga viral. Enquanto que alguns casos diminuem e outros continuam do mesmo jeito. Por isso é muito importante que o paciente sempre realize exames para o controle da doença.”

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