III Marcha pela Humanização do Parto reúne 6 mil em Teresina

Realizada pelo Coren-PI, com apoio do Cofen e de 40 entidades, marcha é um marco da transformação da assistência no Estado

16.11.2015

Organização do evento e fazem o símbolo do períneo íntegro, contra a episiotomia de rotina
Organização do evento e fazem o símbolo do períneo íntegro, contra a episiotomia de rotina

Cerca de seis mil pessoas participaram da III Marcha pela Humanização do Parto, no sábado (14/11), em Teresina (PI), organizada pelo Conselho Regional de Enfermagem do Piauí (Coren-PI), com apoio do Cofen e de 40 entidades. Em sua terceira edição, a marcha faz parte de um movimento bem sucedido que tem transformado a assistência ao parto Estado. Com faixas, cartazes e pinturas, os manifestantes seguiram da Ponte Estaiada ao Parque Potycabana cobrando o apoio ao parto normal, presença de equipes multidisciplinares, o protagonismo da mulher, e o respeito à da Lei do Acompanhante.

“O Piauí é exemplo para o Brasil”, afirmou Herdy Alves, integrante da Comissão de Saúde da Mulher do Cofen e vice presidente da Abenfo (Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica). Teresina, capital de 768 mil habitantes no interior piauiense, conta com residência em Enfermagem obstétrica e com uma população de gestantes segura do que deseja: parto normal, sem intervenções desnecessárias.

Manifestação seguiu da Ponte Estaiada ao Parque Potycabana

“Sei que vocês estão aqui não apenas para declarar apoio o parto humanizado, mas para exigir compromisso do poder público. Assumo este compromisso”, afirmou a vice-governadora Margarete Coelho (PP), no encerramento do evento. O secretário estadual de Saúde, Francisco Costa, anunciou a construção de quatro novos Centros de Parto Normal (CPN). “Todos terão a presença de enfermeiras obstétricas”, afirmou.

Os deputados federais Assis Carvalho (PT-PI), Silas Freire (PR-PI) e Iracema Portella (PP-PI) participaram de todo o percurso da marcha, juntamente com a conselheira do Cofen, Fátima Sampaio, e o presidente do Coren-PI, Lauro César Moraes, e autoridades municipais, como as vereadoras Teresinha Medeiros e Graça Amorim.

“A acontece de várias formas, desde a episiotomia desnecessária, que é uma mutilação da mulher, à proibição de gritar durante o trabalho do parto, que deveria ser encarado com naturalidade”, afirmou Tatiana Melo, conselheira do Coren-PI e organizadora da marcha.

Pai não é visita – Tradicionalmente feminina, a marcha registrou um forte crescimento na participação dos homens. Pais e futuros pais reivindicavam o direito de acompanhar o nascimento dos filhos e permanecer durante todo o período do pré-parto, parto e estadia na maternidade, já assegurado pela Lei 1.108/2005. A importância da gestante ser acompanhada por equipe multiprofissional, além do pai ou familiar de sua escolha, foi um dos temas destacados pelo evento.

Cartaz lembra que “pai não é visita” e cobra o cumprimento da lei do acompanhante

Foi marcante também a presença de bebês e crianças. Nascido no CPN, o pequeno Nicolás, 45 dias, fez sua estreia em manifestações pública na III Marcha pela Humanização do Parto, vestido com body: “Nasci quando eu quis”. Nascida de cesariana, a pequena Paloma, 1 ano, também participou. A mãe, Pâmela, se preparou para um parto normal, mas teve pré-eclampsia, uma condição grave que pode indicar a antecipação do parto.

A renascimento do parto já começou – Com a pintura do bebê na barriga, a secretária Sheila Noronha, 36, chamava a atenção pela disposição na marcha. À espera de seu terceiro filho, Sheila destacou a diferença entre o atendimento pré-natal recebido desde a gravidez do primogênito, há 20 anos. “Estão muito mais atenciosos”, avaliou, animada com a perspectiva de ter um terceiro parto normal, com garantia da presença do acompanhante. No encerramento da marcha, manifestantes agacharam-se, simbolizando o estímulo a posições não-supinas (deitada) no parto. Posições verticais são mais favoráveis ao parto normal, conforme a escolha e conforto da parturiente.

Manifestantes cobram apoio ao parto normal, presença de equipes multidisciplinares, protagonismo da mulher e respeito à da Lei do Acompanhante.

Propostas de diretrizes de parto normal no Brasil estão sendo pactuadas pelas áreas técnicas e os atores sociais. Com a participação da área técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), das entidades representativas da Enfermagem e Medicina, e de representantes das mulheres, o grupo consultivo do Ministério da Saúde já chegou a acordos sobre os profissionais habilitados para assistência, métodos de alívio da dor, analgesia, entre outros pontos. As diretrizes de assistência que serão submetidas a consulta pública.

Baseada no levantamento e validação científica de práticas adotadas internacionalmente, a metodologia adotada propõe diretrizes para o parto no Brasil, adaptando-as à realidade local e levando-as à discussão com entidades profissionais e sociedade. “Trata-se de uma metodologia inovadora, construída com participação de todos os atores sociais, o que resulta em mais legitimidade e eficácia”, afirmou a conselheira federal Fátima Sampaio, coordenadora da Comissão de Saúde da Mulher e representante do Cofen no grupo.

 

 

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