Mulheres lançam manifesto em defesa do parto humanizado

Petição apoia médicos punidos pelo CRM-MG e CFM por atuação em equipe multidisciplinar

09.08.2022

Humanização do parto e nascimento é uma luta do movimento de mulheres

Grupo de apoio a gestantes e puérperas lançou abaixo-assinado em apoio aos médicos do Hospital Sofia Feldman (HSF) punidos pelo Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por sua atuação multidisciplinar com enfermeiras obstétricas. O hospital é referência em gestação de alto risco e em humanização do parto.

A petição, aberta a assinaturas, foi lançada pelo braço mineiro do Ishtar, grupo de apoio ao ciclo gravídico organizado voluntariamente por mulheres, com foco no protagonismo feminino e nas evidências científicas sobre gestação, parto e amamentação.

Para as mulheres, mães, profissionais e instituições que subscrevem o manifesto, a ação é “um ataque direto aos direitos das mulheres, pessoas gestantes e bebês”, “dirigida não apenas a estes médicos tão comprometidos e parceiros dessa causa, mas a todo o Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento”.

Após sucessão de derrotas judiciais dos Conselhos de Medicina, a perseguição à equipe do Sofia Feldman busca intimidar profissionais, impedindo a realização da consulta de Enfermagem obstétrica com a utilização da ultrassonografia. Prática corrente em diversos países, como Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Noruega, Chile, Austrália, a realização de ultrassonografia obstétrica por enfermeiros obstétricos especializados está regulamentada pela Resolução Cofen 627/2020.

A atuação qualificada da enfermagem obstétrica é um dos pilares do processo de humanização do parto. Está associada ao aumento dos índices de partos normais e redução das intervenções. O hospital mineiro Sophia Feldman registrou uma drástica redução nas episiotomias (corte entre a vagina e o ânus para apressar a saída do bebê), com realização de partos por enfermeiras obstétricas. O procedimento, que ocorria em 60% dos partos em 1992, foi reduzido para 4%. O hospital foi pioneiro, também, na realização de ultrassonografia obstétrica por enfermeiras, para auxiliar o processo de Enfermagem, o trabalho multiprofissional e aperfeiçoar assistência.

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