Em conferência da FEPPEN, Cofen defende projeto global de projeção social, política e econômica para a Enfermagem

Ideia do Brasil foi bem recebida pelos 20 países que fazem parte do bloco, durante o Fórum Internacional em Gestão para a Saúde Global

05.12.2024

Durante a reunião de cúpula da Federação Panamericana de Profissionais de Enfermagem (FEPPEN), que reúne as 20 maiores organizações da categoria na América Latina e no Caribe, a representante do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), conselheira Ana Paula Brandão, defendeu a adoção de estratégias conjuntas para alcançar a projeção social, política e econômica da profissão em todas as nações que compõem o bloco. Ao falar sobre os acontecimentos recentes no Brasil, a interlocutora brasileira demonstrou como é possível obter avanços consideráveis, em que pesem os obstáculos e desafios colocados a frente.  

Conselheira Ana Paula Brandão, representante do Cofen

“Ao ver suas pautas engavetadas, a Enfermagem brasileira entendeu que as casas legislativas e os governos precisavam de mais representantes da profissão. Com a visibilidade e o respeito que conquistamos ao atravessar crises de saúde pública sem precedentes, teve ignição um processo de projeção pública e apoio popular, que levou a categoria a conseguir aprovar o Piso da Enfermagem, a Lei do Descanso Digno e a eleger vereadores, prefeitos, deputados e senadores orindos das fileiras da profissão. Agora, vamos lutar pela aprovação da PEC19, que fixa a jornada de trabalho em 30 horas e assegura o reajuste anual do piso”, discursou a conselheira federal e tesoureira do Cofen em sua exposição, durante o Fórum Internacional em Gestão para a Saúde Global, realizado entre os dias 27 e 29 de novembro de 2024.

A ideia foi bem recebida pelas delegações presentes. A maioria dos países relatou que ainda não conta com representantes da Enfermagem nos espaços onde as políticas públicas são realmente decididas e apontaram o modelo do Brasil como inspirador para avançar neste campo. “A Enfermagem é uma só e o Brasil está pronto a colaborar. É necessário ir às bases, ouvir a categoria, formar lideranças, prospectar as oportunidades e colocar nomes à disposição da sociedade. Somos uma profissão respeitada e os dados indicam performances cada vez mais interessantes de players na esfera pública”, completou Ana Paula Brandão.

Para a presidente da FEPPEN, Maria Concepción Chavez, o Brasil é um um parceiro estratégico, pois consegue mostrar como superar diferenças e se unir para obter avanços importantes para a classe trabalhadora. “É satisfatório contar com a participação e a experiência de diferentes países em nossos fóruns, pois enriquece o debate e nos oferece ideias e diretrizes valiosas para caminharmos juntos”, disse. 

Liderança transformacional
Durante a programação científica, que teve como mote “ciência, tecnologia e inovação para a saúde global”, o presidente da Sociedade Cubana de Enfermagem (Socuenf), Lázaro Hernandez Vergel, apresentou conceitos inovadores sobre liderança transformacional.

“É necessário estabelecer comunicação transparente e escuta ativa para conquistar confiança e colaboração. Não basta falar, tem que dar o exemplo. O líder é responsável por identificar os obstáculos, reconhecer os desafios, definir estratégias de ação e manter a persistência. Isso significa ser uma liderança com capacidade transformacional”, sentenciou.

De acordo com a tese, o segredo para lograr êxito em projetos e programas de envergadura coletiva está na capacidade dos líderes em compreender o conjunto de variáveis, admitir a complexidade dos problemas, estabeceler prioridades, organizar o trabalho, educar pelo exemplo, explicar a importância de cada tarefa, convencer, entusiasmar e exigir disciplina. 

Números
Em sua exposição, a presidente do Colégio de Enfermeiras do Perú (CEP, em espanhol) trouxe dados interessantes sobre o mercado de trabalho. “A média mundial é de 70 profissionais de Enfermagem para cada 10 mil pacientes. A categoria é sobrecarregada, faltam pelo menos 30 milhões de profissionais para cumprir a meta de acesso e cobertura de saúde definidas pela ONU até 2030”, pontuou.

A conferencista destacou que é necessária uma profunda reforma do sistema de saúde global, com o fortalecimento da governança, a valorização das forças de trabalho, a consolidação de direitos essenciais e a preservação das competências e prerrogativas da Enfermagem.

Presente ao evento, representantes do Conselho Internacional de Enfermagem (ICN, em inglês) apresentaram gráficos e informações sobre a situação da profissão pelo mundo e endossou a necessidade de uma união em nível global, para resolver questões apresentadas pelas delegações, especialmente, as relacionadas às condições de trabalho, educação, salário e descanso da categoria.

Meta
Uma das principais aspirações da FEPPEN é consensuar entre as partes padrões de formação, especialização, habilitação, intercâmbio e exercício profissional, de modo a estabelecer regras claras e unificadas, que facilitem o trânsito profissional, o desenvolvimento científico e a troca de experiências entre os países-membros. É um grande desafio, uma vez que o padrão de desenvolvimento da profissão é bastante heterogêneo. “Acredito que vamos nos entender cada vez mais”, pondera Ana Paula Brandão.  

Reserve na agenda
A cidade do Rio de Janeiro sediará o XVII Congresso da Federação Panamericana de Profissionais de Enfermagem, de 12 a 14 de novembro de 2025. O evento será no RioCentro e contará com um concurso de trabalhos científicos de alto nível. O número estimado é de 3 mil vagas, entre as quais 50% serão disponibilizadas para brasileiros e 50%, para o público estrangeiro. Em breve, mais informações.   

A FEPPEN é formada por organizações de Enfermagem da Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicaragua, Panamá, Paraguai, Perú, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. A força de trabalho do bloco é estimada em 9 milhões de profissionais de Enfermagem. 

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Fonte: Ascom Cofen

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