“Não esqueça da hanseníase”: redução de diagnósticos na pandemia preocupa

Campanha global chama a atenção para a importância de manter as políticas de controle da hanseníase. Diagnósticos se reduziram à metade no Brasil durante a pandemia.

30.09.2021

Campanha global “Não esqueça a hanseníase” chama a atenção de governos, organizações e da população para a importância de manter as ações de controle da doença durante a pandemia de Covid-19. A iniciativa é liderada pelo embaixador da boa vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS), Yohei Sasakawa e, no Brasil, é conduzida pelo Movimento pela Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). O país ocupa o segundo lugar em prevalência da hanseníase, atrás apenas da Índia.

O diagnóstico de novos casos da doença no Brasil foi reduzido à metade entre 2019 e 2020, segundo dados do Boletim do Ministério da Saúde. Na avaliação do Morhan, essa diminuição do número de diagnósticos é consequência da paralisação de políticas públicas de busca ativa de casos e das dificuldades de acesso aos serviços de saúde impostas pela pandemia. Novos casos deixaram de ser registrados e, assim, pessoas que deveriam estar em tratamento não contaram ainda sequer com o diagnóstico, com risco de desenvolver sequelas físicas irreversíveis.

“A hanseníase tem cura e, uma vez iniciado o tratamento, deixa de ser transmissível. Por isto é fundamental o diagnóstico precoce, inclusive com busca ativa. As equipes de Enfermagem, sobretudo as que atuam na Estratégia de Saúde da Família (ESF), devem estar atentas a possíveis casos”, afirma a presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Betânia Santos. O Cofen aderiu à campanha, que já conta com apoio de diversas entidades, incluindo o Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Paciente afetada pela hanseníase. Na pandemia, diagnósticos despencaram

Morhan e a hanseníase – Fundado em 1981, o movimento atua para a eliminação da hanseníase, através de atividades de conscientização e foco na construção de políticas públicas eficazes para a população. Sua missão é possibilitar que a hanseníase seja compreendida na sociedade como uma doença normal, com tratamento e cura, eliminando assim o preconceito e estigma em torno da doença.

A hanseníase, antes conhecida como “lepra”, é uma doença infecciosa que afeta a pele e os nervos. Com o tratamento adequado, a partir da medicação e acompanhamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a doença tem cura. A transmissão se dá pelo contato próximo e prolongado com pessoas sem tratamento afetadas pela doença na sua forma multibacilar. Mas, partir do início do tratamento, a doença deixa de ser transmissível. São sinais e sintomas da doença: manchas (esbranquiçadas, amarronzadas e avermelhadas) na pele com mudanças na sensibilidade à dor, térmica e tátil; sensação de fisgada e formigamento ao longo do trajeto dos nervos dos membros; perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração; pele seca; inchaço nas mãos e nos pés; inchaço e dor nas articulações; redução da força muscular nos locais em que os nervos foram afetados; dor e espessamento dos nervos periféricos; caroços no corpo; olhos ressecados; feridas, sangramento e ressecamento no nariz; febre e mal-estar geral; feridas nas pernas e nos pés; e, nódulos avermelhados e/ou doloridos espalhados pelo corpo.

Para mais informações e para se inscrever como voluntário/a, contate o Morhan pelo ZapHansen: (21) 97912-0108

 

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