“Ninguém deve ter medo da morte”, diz enfermeira de cuidados paliativos

Cuidados paliativos previnem e aliviam o sofrimento de pacientes, trazendo conforto e qualidade de vida

08.04.2024

Enfermeira norte-americana Julie Mcfadden

Melhorar a qualidade da vida e da morte, com foco no conforto do paciente, é o objetivo dos cuidados paliativos.  Em seu canal no Youtube, com centenas de milhares de inscritos, a enfermeira norte-americana Julie Mcfadden, 41 anos, explicou os motivos por que não teme a morte e, segundo ela, “ninguém deveria temer”.

A especialista em assistência de pacientes em estados terminais afirma que o corpo humano conta com “mecanismos de desligamento” que tornam o processo de partir desta vida “pacífico”. “Eu não tenho medo da morte e há uma ciência por trás disso. Nosso corpo nos ajuda, biologicamente, a morrer. Literalmente, o corpo é projetado para morrer”, disse.

De acordo com a experiência da profissional de Enfermagem, o corpo inicia seu lento processo de desligamento cerca de seis meses antes do falecimento, quando passa a “comer menos, beber menos, dormir mais”. Isso acontece pelo aumento dos níveis de cálcio no organismo, o que favoreceria o sono. “Biologicamente, quando o corpo percebe que está chegando ao final da vida são acionados mecanismos para se desligar, portanto a pessoa já não sente mais fome nem sede como antes, o que ajuda o corpo a se desligar aos poucos”, relata.

Para os familiares, ver um ente querido morrer pode dar a impressão contrária à de uma pessoa saudável e, portanto, ser uma cena horrível de testemunhar, mas quem está morrendo geralmente não sofre. Quem está em um organismo moribundo está “em uma outra escala” em que não comer e não ingerir líquido seria “natural”. Ao mesmo tempo em que o adoecimento para certas enfermidades pode ocasionar experiências dolorosas, o momento da morte, em si, não seria doloroso. “Há momentos em que a doença pela qual uma pessoa está passando pode ocasionar dores, mas o processo de desligamento do corpo na verdade a ajuda”, explica.

Ela ainda acrescenta que muitas vezes durante sua prática não foi necessário administrar analgésicos a pacientes terminais e que o momento da morte foi “reconfortante” para os pacientes porque o corpo libera endorfinas quando está prestes a dar o último suspiro. “O organismo lentamente entra em um processo chamado cetose, que libera endorfinas. No corpo da pessoa que está morrendo isso adormece as dores, os nervos, proporcionando ainda uma euforia, ela se sente bem. Então, entre os motivos pelos quais não tenho medo da morte estão fatores biológicos, metabólicos e fisiológicos que realmente me confortam”, resumiu.

Cuidados paliativos –  Os cuidados paliativos previnem e aliviam o sofrimento, através da identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e de outros problemas físicos, psicossociais ou espirituais. “As ações do enfermeiro vão muito além do plano de cuidados. Abrangem todos os aspectos da vida do paciente, em conjunto com a equipe multiprofissional”, afirma Carmem Lupi (CTAS/Cofen). “Não é sobre a espera da morte, mas sobre aproveitar o melhor da vida, qualquer que seja sua duração”, explica.

No Brasil, a Resolução 729 aprova a Política Nacional de Cuidados Paliativos no âmbito do SUS. O atendimento tem como objetivo principal promover a qualidade de vida dos pacientes, considerando seus valores e sua história. No âmbito do Cofen, especialistas da Câmara Técnica de Atenção à Saúde (CTAS/Cofen) e da Comissão de Práticas Integrativas e Complementares (CPICs/Cofen) estão trabalhando na proposta de futuro marco normativo.

 

Fonte: Ascom/Cofen, com informações do NYP

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