O papel da Enfermagem no Dia da Luta contra a Mortalidade Materna

Taxa de óbitos no país aumentaram 77% e retornam a patamar de 1996

27.05.2022

No dia 28 de maio é comemorado o Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna, que visa promover um debate sobre a importância dos cuidados na saúde da mulher. Entretanto, os números recentes não deixam brechas para celebração, já que as taxas superaram os 100 óbitos a cada 100 mil habitantes.

Em 2021, as mortes registraram um aumento de 77% sobre o comparativo de 2019, chegando ao maior índice desde 1996. Os principais motivos para óbitos de gestantes e puérperas são hipertensão, infecções e hemorragia, principalmente no período pós-parto.

Para o coordenador da Comissão Nacional da Saúde da Mulher do Cofen, Herdy Alves, o grande desafio da saúde materna é o alinhamento do cuidado: “É preciso qualificar os profissionais, o trabalho e a rede de atenção à saúde, garantindo às mulheres o acesso ao cuidado desde a atenção primária e na atenção especializada”.

O papel da Enfermagem é fundamental para combater esse índice, pois a maior parte do pré-natal no Brasil é realizado através do Sistema Único de Saúde (SUS). “A Enfermagem contribui na execução do planejamento reprodutivo e, consequentemente, na redução da mortalidade materna, assim como do abortamento inseguro e dos nascimentos e partos prematuros”, diz a enfermeira obstétrica, conselheira federal e membro da comissão do Cofen, Dannyelly Costa.

Uma questão definitiva para diminuir a mortalidade materna é o acesso à saúde, principalmente no planejamento familiar e na assistência ao parto. Um dos programas mais bem-sucedidos para redução da mortalidade materno-infantil que foi desmontado, a Rede Cegonha, contribuía precocemente com os cuidados da primeira infância pelas enfermeiras obstétricas. O Cofen se posicionou contra o desmonte em recente nota de repúdio

“O Brasil precisa de políticas públicas que sejam amplas para todo o território nacional, incluindo as especificidades de cada mulher como as que vivem nas florestas, nas águas, as quilombolas, as indígenas, as da zona urbana e da zona rural”, pontua Herdy. 

Dannyelly conclui que “o cuidado de qualidade é baseado em evidências científicas, amparado e legitimado pelo Cofen, é o caminho para a conquista da redução da mortalidade materna e infantil”.

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