Outubro Rosa: Coren-RJ promove palestra em libras para mulheres surdas

Encontro reuniu cerca de 300 mulheres surdas

16.10.2019

A campanha Outubro Rosa tem como desafio construir uma cultura de prevenção e controle do câncer de mama. Sensibilizar mulheres para a preservação da sua saúde não é tarefa fácil e os números de casos da doença continuam crescendo no Brasil. Mas, se conscientizar mulheres sem deficiência exige trabalho persistente de convencimento, avaliem o grau de dificuldade de realizar estas mesmas ações para surdas.

Foi pensando neste universo que o Coren-RJ propôs uma experiência inédita: uma palestra em linguagem de sinais sobre câncer de mama, saúde da mulher, direitos sexuais e reprodutivos e respeito à privacidade da mulher surda. A palestra será toda realizada na Língua Brasileira de Sinais (Libras), pela enfermeira Emanoela Bezerra de Araújo, no dia 30 de outubro, das 13h30 às 17h, na lona Cultural Elza Osborn, em Campo Grande. Cerca de 300 mulheres deficientes auditivas estão sendo esperadas.

A iniciativa de promover o evento foi da presidente do Coren-RJ, Ana Lucia Telles, que incumbiu a tarefa à conselheira e enfermeira obstétrica, Cristiane Bernardo,coordenadora da subseção do Coren-RJ, em Campo Grande, na Zona Oeste carioca. Através de relatos e experiências no serviço da assistência, o Coren-RJ visa com essa ação pioneira dar acesso à inclusão destas pessoas na gestão de suas autonomias, via entendimento de seus direitos.

“Muitas mulheres surdas chegam com problemas para engravidar e, quando são examinadas, descobre-se que foram esterilizada por determinação dos familiares. Uma ilegalidade, uma vez que têm autonomia para decidir sobre suas vidas; apenas não escutam e são tratadas como incapazes”, esclarece a conselheira, que completa: “Surdas sofrem violências obstétricas cotidianamente. Elas não exercem o direito à consulta individualizada e sigilosa, por dependerem de um intérprete para interagir com enfermeiros e médicos. E acabam sendo acompanhadas por um familiar, sem usufruírem do pudor, da privacidade”. resume.

Cristiane Bernardo lembra que a disciplina “Língua Brasileira de Sinais” é recomendada pelo MEC a fazer parte do currículo de graduação em Enfermagem, mas é optativa. Para enriquecer o evento com a adesão dos estudantes de Enfermagem que dominam Libras,
alunos de várias faculdades apresentarão à plateia oito trabalhos científicos, em sessões pôster. Ao final, as espectadoras decidirão qual das exposições deverá ser premiada.

A enfermeira carioca que traduziu o primeiro parto em Libras no Brasil

A palestrante Emanoela Bezerra de Araújo realizou o primeiro parto sinalizado por uma enfermeira brasileira, em 2013, na Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa. Atendeu ao pedido da parturiente, que sonhava ser informada sobre todas as etapas do nascimento de seu bebê, lendo o que a enfermeira interpretava com as mãos – desde a cor da placenta ao momento do choro do bebê, inaudível para a mãe.

Emanoela atende gratuitamente cerca de 10 surdas por dia, presencialmente ou em vídeo chamadas, incluindo atendimento de pré-natal e pós-parto. “Nunca cobrei, porque acredito que nossa sociedade ouvinte deve essa acessibilidade à comunidade surda. Então, faço minha parte”, afirma a enfermeira que tem irmã surda, seus melhores amigos são surdos, incluindo o padre que batizou seu filho. Suas apresentações são baseadas em estudo e experiências vivenciadas ao longo de 10 anos acompanhando mulheres surdas no atendimento de saúde, médico e hospitalar, em consultas de pré-natal e partos.

Especialista em Enfermagem do Trabalho, Emanoela focou seu TCC na atuação do enfermeiro do trabalho na prevenção de LER/DORT para intérpretes de Libras. Em 2017, concluiu sua segunda especialização em Saúde da Mulher, apresentando à comunidade acadêmica, estudos sob os temas “Redes Sociais no Protagonismo da Promoção de Saúde para Surdos” e “Libras: um desafio para a enfermagem obstétrica”.

 

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