Pesquisa quer saber como a pandemia afetou a vida de profissionais da saúde

Estudo da Fiocruz quer mostrar como os chamados “trabalhadores invisíveis” da linha de frente do combate à Covid tiveram suas vidas afetadas pelo coronavírus.

15.01.2021

A Fiocruz está lançando uma pesquisa para saber como a pandemia afetou a vida, o corpo e a saúde emocional de profissionais envolvidos no combate ao coronavírus, mas que nem sempre são notados.

O maqueiro Luiz Henrique Joio Jr. tem a tarefa de receber e conduzir pacientes para o atendimento.

“Tem gente que pensa que é brincadeira. Não é brincadeira. É muita falta de ar. Vejo eles chegando, pedindo ajuda, e a gente está aqui para ajudar. Eu faço o meu trabalho com muito amor e carinho”.

Nem os dez anos de experiência como maqueiro conseguiram preparar Luiz Henrique para as más notícias sobre os pacientes:

“Ah, eu fico, assim, meu Deus, eu falei com ele quase agora. A mente fica pensando mil coisas”.

No volante da ambulância, na recepção do hospital, cuidando da segurança, da limpeza ou da alimentação existe um exército que ajuda o sistema de saúde a funcionar.

A Fiocruz quer saber as mudanças que a Covid-19 provocou nessas pessoas.

Estes trabalhadores invisíveis são cerca de dois milhões de brasileiros, de 50 profissões diferentes. Como médicos e enfermeiros, são testemunhas do sofrimento dos pacientes e sentem o impacto desta realidade no corpo e nas emoções.

“A cabeça fica meio estranha, você fica pensando em várias coisas. Tu deita e pensa em alguém do trabalho que se foi também. Eu deito assim, fico pensando, olho para um lado, olho para o outro, agora vou dormir, daqui a pouco eu viro de novo para o lado e nada. O sono nunca vem”, conta o maqueiro Luiz Henrique.

Uma pesquisa semelhante já foi feita com 20 mil médicos e enfermeiros de todo o país, que preencheram o questionário pela internet.

“Eles precisam de cuidado, de apoio, de proteção e suporte psicológico e suporte na forma como eles precisam ser vistos, de uma forma mais humanizada, mais valorizada, entendendo que eles são tão importantes quanto outros profissionais que estão na linha de frente”, disse a pesquisadora da Fiocruz Maria Helena Machado.

“Essa pandemia me deixou muito mal diversas vezes. Mas eu fui vendo que, quanto mais eu consigo ajudar, mas eu tenho essa, não sei, uma autogratificação. Isso me ajuda a viver o segundo dia, o terceiro, o quarto. E aí a gente vai, de conquista em conquista”, contou o técnico em equipamentos biomédicos Gutemberg de Souza Veloso.

Gutemberg teve que aprender a se proteger para consertar os aparelhos usados nas Unidades de Terapia Intensiva, como respiradores:

“É uma satisfação muito alta, porque você vê o seu trabalho colaborando com a volta da pessoa, o reestabelecimento da saúde da pessoa, você se sente participante. É isso, o prazer de você pegar um aparelho e colocar lá de volta, fazer parte de algo maior, que é o reestabelecimento daquele paciente”.

Assista a íntegra da reportagem

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