Pesquisadores criam 1º caneta de adrenalina brasileira

Estimativa é que a caneta chegue ao mercado custando cerca de R$ 400

11.11.2024

pessoa negra aplicando caneta anafilática na coxa
Asbai alerta para um aumento exponencial de alergias no Brasil

Um grupo de pesquisadores brasileiros desenvolveu a primeira caneta de adrenalina autoinjetável do país. A medicação é aplicada pelo próprio paciente em casos de reação alérgica grave e potencialmente fatal, quadro médico conhecido como anafilaxia. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), a adrenalina figura atualmente como o único medicamento disponível no mercado capaz de tratar casos de anafilaxia. O modelo autoinjetável, entretanto, só pode ser adquirido no Brasil por importação, o que torna o custo extremamente elevado.

O coordenador da equipe responsável pelo medicamento nacional, Renato Rozental, explicou que, apesar de ser o primeiro protótipo brasileiro, não se trata de uma “inovação radical”, já que essas canetas são encontradas com facilidade na Europa, América do Norte, Ásia e Oceania. “Pra quem tem seguro de saúde, caríssimo lá fora, o preço chega a US$ 100. Quem não tem seguro paga até US$ 700. No Brasil, pessoas que têm condições, por meio de processos de judicialização, conseguem importar, mas o preço ainda está nas alturas. Importar uma caneta por R$ 3 mil ou R$ 4 mil é algo fora da realidade brasileira.”, explicou.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fechou um acordo de bilateralidade com a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA). A proposta é agilizar a entrada, no Brasil, de medicamentos já aprovados nos Estados Unidos. Rozental reforça que a Anvisa teria acesso a esses resultados de forma direta, apesar de serem confidenciais, o que facilitaria a aprovação de qualquer dispositivo no país. “É um processo que vamos discutir na semana que vem, em Salvador, onde teremos um representante da Anvisa que lida especificamente com isso”, disse, ao se referir ao debate agendado para a próxima sexta-feira (15) no Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia.

Os pesquisadores disseram que em 11 meses poriam distribuir a caneta nacional, mas tudo vai depender do reconhecimento e da liberação da Anvisa.

Anafilaxia

O presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Fábio Chigres, alertou para um aumento exponencial de alergias no Brasil – incluindo casos de anafilaxia. “Há 30 anos, em hospitais públicos especializados no tratamento de alergia, referência para esses casos, a gente via oito ou dez casos por ano de crianças com alergia a leite de vaca. Hoje, vejo isso em uma semana”, pontuou.

Segundo ele, os alimentos figuram, no país, como a principal causa de alergia entre crianças, sobretudo leite e ovo. Já entre adultos, a principal causa de alergia, de acordo com Chigres, são medicamentos, principalmente analgésicos e anti-inflamatórios, remédios que sequer exigem pedido médico no ato da compra. Antibióticos também respondem por um número considerável de casos de alergia na população adulta, além de alimentos como crustáceos e mariscos.

“No caso específico da anafilaxia, trata-se de uma reação alérgica muito grave e que se desenvolve rapidamente”, disse. “Essa reação causa choque anafilático, uma queda de pressão abrupta e muito grande, que faz com que o sangue não circule pelo corpo e não chegue ao cérebro. O organismo libera uma substância chamada histamina, que causa uma reação generalizada e pode afetar pele e pulmão, além de causar broncoespasmo e edema de glote, fechando as vias aéreas superiores.”

Em casos de anafilaxia, a adrenalina reverte todos os sintomas no prazo de um a cinco minutos, revertendo quase totalmente o quadro anafilático, permitindo que a pessoa se encaminhe ao hospital para completar o tratamento. Segundo Chigres, a estimativa é que a caneta de adrenalina autoinjetável desenvolvida por pesquisadores brasileiros chegue ao mercado nacional custando em torno de R$ 400.

 

Fonte: Agência Brasil (editada)

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