População vulnerabilizada é tema do 4º Fórum de APS

Profissionais compartilharam experiência na assistência, em busca de equidade na Saúde

18.08.2022

Evento foi realizado pela CTAB/Cofen, com transmissão ao vivo no CofenPlay

Estamos preparados para acolher a diversidade? Com esse questionamento, o enfermeiro Paulo Murilo Paiva, coordenador da Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Intercultural (Conesi/Cofen), abriu a mesa redonda do quarto encontro do Fórum Permanente de Atenção Primária em Saúde, nesta tarde (18/8).

Com foco na busca pela equidade no atendimento a diferentes seguimentos sociais, o evento –organizado pela Câmara Técnica de Atenção Básica (CTAB/Cofen) e transmitido ao vivo pelo CofenPlay – discutiu a integralidade da assistência, os determinantes sociais de Saúde e a importância de um trabalho ativo de acolhimento da Enfermagem para reduzir as barreiras de acesso das populações vulnerabilizadas.

Paulo Murilo destacou a dimensão humana de cada um, e a importância de trabalhar “por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”, como propunha Rosa Luxemburgo.

A enfermeira Cristiane Vicente, plantonista da UPA Del Castilho e líder do GT Equidade no SUS, destacou o impacto dos determinantes sociais, como renda, trabalho, educação e saneamento, na Saúde. Sete em cada dez cargos gerenciais são ocupados por brancos, apenas três por negros (pretos e pardos). Dados do IBGE, apresentados por Cristiane, também apontam que 32,9% dos negros vivem abaixo da linha de pobreza. A taxa de homicídio entre jovens negros é quase três vezes maior.

Enf. Preceptora do Programa de Residência de Enfermagem de Família e Comunidade na CF Emygdio Alves

“Há uma morte negra que não tem causa em doenças; decorre de infortúnio. É uma morte insensata, que bule com as coisas da vida, como a gravidez e o parto. É uma morte insana, que aliena a existência em transtornos mentais. É uma morte de vítima, em agressões de doenças infecciosas ou de violência de causas externas. É uma morte que não é morte, é mal definida”, citou Cristiane.

Integrante da CTAB e moderadora, Fátima Virgínia compartilhou com Cristiana a experiência de muitas enfermeiras negras: ser sempre confundida como parte da equipe de limpeza ou apoio – serviços essenciais, mas de menor escolaridade e remuneração. Essa experiência tem nome: racismo estrutural. “É importante ocupar espaços”, destacou Fátima.

Ana Paula Almeida compartilhou sua experiência como Responsável Técnica de Enfermagem das Equipes de Consultório na Rua, destacando a importância de o profissional se despir de preconceitos, que dificultam o processo de cuidado. “A população de rua é muito heterogênea”, ressaltou.

Do consultório “de” rua ao consultório “na” rua – com ampliação dos atendimentos articulados com as regionais de Saúde –, os serviços buscam estabelecer vínculo entre a população e a equipe, incluindo a escuta qualificada, busca ativa de agravos e cartografia social.

Ana Paula afirmou que, além do plano terapêutico singular, é importante traçar o itinerário terapêutico de cada paciente, para conseguir encontrá-lo e manter a continuidade da assistência. Iniciativas como chás de bebê e ensaios de gestante contribuíram para a adesão ao pré-natal e fortalecimento do vínculo de cuidado. Capacitar-se para a geração de renda é outra demanda da população de rua, atendida pelas equipes multidisciplinares.

Integrante do CTAB/Cofen, Marcuce dos Santos compartilhou a experiência do Projeto Beradeiro, que leva assistência de Saúde às populações ribeirinhas em Rondônia. A educação em Saúde, com foco sobretudo na prevenção e detecção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), é um dos focos centrais do projeto, considerando a situação epidemiológica local.

“Convidamos todos os profissionais de Enfermagem a acompanharem a programação do Fórum Permanente de APS”, destaca o coordenador da CTAB/Cofen, Ricardo Siqueira. A 5ª edição acontecerá no dia 6 do outubro, com o tema “Protocolos de Enfermagem na Atenção Primária à Saúde: segurança ética, legal e clínica da praxis do enfermeiro”.

Compartilhe

Outros Artigos

Receba nossas novidades! Cadastre-se.


Fale Conosco

 

Conselho Federal de Enfermagem

SCLN Qd. 304, Lote 09, Bl. E, Asa Norte, Brasília – DF

61 3329-5800 | FAX 61 3329-5801


Horário de atendimento ao público

De segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h

Contato dos Regionais