Em audiência, Rondônia diz não à formação em Enfermagem por EaD

Região Norte tem grande oferta de cursos a distância, em alguns casos clandestinos

01.04.2016

Estudantes, professores e profissionais participaram da audiência em Rondônia

Em audiência temática na Assembleia Legislativa, os rondonienses disseram “não” ao Ensino a Distância (EaD) na formação de enfermeiros e técnicos de Enfermagem. Além de nota de apoio ao Cofen e Coren-RO na defesa do ensino presencial e de qualidade, o deputado doutor Neidson (PT do B) assumiu o compromisso de mobilizar a bancada legislativa federal de Rondônia em defesa do Projeto de Lei 2.891/2015, que proíbe a formação de profissionais de Enfermagem por EaD, proposto pelo Cofen e apresentado na Câmara pelo deputado federal Orlando Silva (PC do B – SP).

“Como é que esses alunos vão aprender a colocar uma sonda fólica, uma sonda vesical, fazer curativo com a assepsia correta? Apenas por livros? A prática é fundamental”, ressaltou o deputado. Compuseram a mesa a presidente do Coren-RO, Ana Paula Cruz, representantes das faculdades particulares, da Universidade Federal de Rondônia, o presidente da Câmara de Educação Profissional e Superior do Conselho Estadual de Educação, Antônio Lúcio dos Santos, e a professora Valdelize Pinheiro, da Câmara Técnica de Ensino e Pesquisa do Cofen.

Valdelize apresentou um breve panorama da situação da EaD no Brasil e no Estado de Rondônia. Sem laboratórios, bibliotecas e condições mínimas de apoio, a maioria não conta sequer com convênios com unidades de Saúde para a realização dos estágios obrigatórios.

“Na região norte verificamos, inclusive, a existência de cursos clandestinos, sem registro na base de dados do Ministério da Educação”, alertou Valdelize. Em Rondônia as visitas in loco da Operação EaD encontraram 8 turmas em andamento em município não cadastrado no MEC, com 450 alunos. A situação foi reportada à Polícia Federal.

Valdelize Pinheiro (Cetep/Cofen) e Ana Paula Cruz, presidente do Coren-RO, reforçaram a posição institucional contra a formação de profissionais a distância

Saturação da oferta – O Censo do Ensino Superior registra 160 mil vagas de graduação em Enfermagem, número superior à demanda estudantil e mais que suficiente para atender as necessidades das atuais políticas de Saúde Coletiva. Somente no estado de Rondônia, com população de 1,58 milhão, existem 16 cursos de Enfermagem presenciais oferecidos por 15 Instituições de Ensino Superior, com 1284 vagas anuais. A Unopar e a Clarentiano têm, respectivamente, 10 e 5 polos de Enfermagem EaD.

“Não temos uma necessidade gritante de mais enfermeiros. Se não há falta de profissionais, por que o EaD? Para baratear os custos das empresas de educação e enriquecer quem é mais rico?”, questionou, no debate, o vereador Sid Orleans, conselheiro do Coren-RO.

Crise polítca brasileira – A conselheira regional Edna Mota incitou o Sistema Cofen/Conselhos Regionais a se posicionar sobre a situação política brasileira, especialmente quanto às possíveis implicações para a EaD. “Sabemos que o Brasil vive uma profunda crise política, inclusive com risco de impeachment, e o vice-presidente, Michel Temer, é favorável ao ensino EaD. Caso ele assuma, como fica a situação da EaD na Enfermagem? É preciso se posicionar”.

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