Atuação da Enfermagem em cirurgias ambulatoriais pode expandir

Criação de programas de formação específicos para profissionais de Enfermagem é discutida em reunião com a Sociedade Brasileira de Cirurgias Ambulatoriais no Cofen

11.12.2024

Mulher e homem em pé com as mãos a frente do corpo posando para foto
Tatiana Melo, chefe do Departamento de Gestão do Exercício Profissional (Dgep/Cofen) e Everton Silva, vice-presidente de Enfermagem da SOBRACAM

A Sociedade Brasileira de Cirurgias Ambulatoriais (SOBRACAM) tem se destacado no cenário nacional desde sua fundação em 2020, especialmente após a pandemia de covid-19. Em reunião, nesta terça-feira (10), com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o vice-presidente de Enfermagem da SOBRACAM, Everton Silva, ressaltou a importância da formação de profissionais da áreade Enfermagem para atuar nesse novo mercado.

A missão da SOBRACAM é promover a cultura de cirurgias ambulatoriais tanto no setor público quanto no privado, em todo o território nacional. Com o objetivo de oferecer atendimento mais ágil e reduzir custos e riscos para os pacientes, a SBCA tem promovido a reestruturação dos Hospitais Dia no Brasil. Silva explicou que a SBCA é composta por diversas vice-presidências, cada uma focada em uma especialidade, como a médica e a de Enfermagem.

Os Hospitais Dia, com um custo de montagem entre 50 a 80 milhões, surgem como uma solução prática para municípios que não possuem hospitais tradicionais. Esses hospitais são equipados para realizar cirurgias ambulatoriais, como ectomias e outros procedimentos simples, permitindo que os pacientes sejam liberados no mesmo dia. Isso não só reduz os custos operacionais, mas também minimiza os riscos de complicações associadas a longos períodos de internação.

A pandemia de 2020 interrompeu temporariamente as atividades dos Hospitais Dia, mas a partir de 2022, a SBCA retomou seus esforços para reestruturar esses serviços. “O principal objetivo é proporcionar um atendimento mais acessível e eficiente, permitindo que pacientes sejam liberados em até 18 horas após a cirurgia, reduzindo assim o risco de complicações associadas a longos períodos de internação”, afirma o vice-presidente Everton.

Ele também aponta que um dos principais desafios enfrentados pela SOBRACAM é a adaptação dos profissionais de saúde, tradicionalmente formados para trabalhar em ambientes hospitalares com estruturas de UTI e pronto atendimento. “A cirurgia ambulatorial exige um protocolo mais fechado e uma avaliação rigorosa dos pacientes para garantir que apenas aqueles com menor risco sejam submetidos a esses procedimentos”, afirma.

A expansão do mercado de cirurgias ambulatoriais também representa uma oportunidade para a Enfermagem, ampliando o escopo de atuação dos profissionais. Além disso, a redução de custos para operadoras de planos de saúde e a inclusão de hospitais públicos na SOBRACAM são passos importantes para a democratização do acesso a esses serviços.

Tatiana Melo, chefe do Departamento de Gestão do Exercício Profissional do Cofen, considera produtiva a parceria entre a SOBRACAM e o Cofen no sentido de não apenas divulgar o mercado de trabalho voltado para cirurgias ambulatoriais, mas também desenvolver programas de formação específicos para enfermeiros. “Esperamos que a Enfermagem brasileira esteja cada vez mais preparada para atuar nesse segmento, contribuindo para a melhoria do atendimento e a redução de custos e riscos para os pacientes”, conclui.

O papel do Enfermeiro Navegador

No Hospital Dia, após a alta, os pacientes continuam sendo monitorados pelo enfermeiro navegador, que trabalha em conjunto com a equipe de Enfermagem e o hospital para garantir um acompanhamento contínuo. Esse profissional tem a responsabilidade de acompanhar o paciente de perto, monitorando sinais vitais e sintomas, garantindo que qualquer complicação seja rapidamente identificada e tratada.

O enfermeiro navegador possui certa autonomia, o que é crucial para a gestão eficaz do pós-operatório. Ele deve estar preparado para lidar com situações como náuseas, vômitos ou outras complicações que possam surgir após a cirurgia. Em casos de emergência, o enfermeiro navegador deve saber o momento certo para encaminhar o paciente para um hospital de referência.

Hoje, os profissionais de Enfermagem enfrentam dificuldades na gestão de um bloco cirúrgico dentro da cirurgia ambulatorial, que é um ambiente menor e mais simples. Essa insegurança no acompanhamento pós-operatório é resultado da formação tradicional, que não prepara adequadamente os enfermeiros para esse tipo de atuação. No entanto, é essencial que a Enfermagem compreenda que, apesar de a cirurgia ambulatorial ser mais simples, o pós-operatório exige um enfermeiro muito bem preparado.

Fonte: Ascom/Cofen

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